Nuzman renuncia à presidência do Comitê Olímpico do Brasil

A carta de renúncia foi lida pelo advogado do dirigente

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  • Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2017 às 16:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Abr/Arquivo

O presidente do Comitê Olimpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, renunciou ao cargo nesta quarta-feira (11), durante assembleia extraordinária realizada nesta tarde pela entidade. A carta de renúncia foi lida pelo advogado de Nuzman, Sergio Mazzello, durante a assembleia do COB.

A assembleia, que havia sido convocada para debater outra carta de Nuzman, divulgada na semana passada, na qual ele pedia afastamento da presidência, agora delibera sobre os desdobramentos da renúncia. Pelo estatuto, deve assumir o vice-presidente Paulo Wanderley. Dos 30 presidentes de confederações nacionais esportivas aptos a votar, 28 estavam presentes. Também tem direito a voto oito membros natos escolhidos pela assembleia, um integrante do Comitê Olímpico Internacional (COI) e um representante dos atletas, o judoca Thiago Camilo.

Nuzman e o ex-diretor-geral da Rio 2016 Leonardo Gryner foram presos temporariamente na quinta-feira (5). Ambos são investigados pela Polícia Federal na Operação Unfair Play - Segundo Tempo, um desdobramento da Unfair Play, que revelou a compra de votos para a escolha do Rio de Janeiro como sede olímpica de 2016. Nuzman é apontado como responsável pelo pagamento de propina a membros do COI.

Em setembro, Nuzman já havia sido encaminhado à delegacia para prestar depoimento na operação Unfair Play e, na ocasião, exerceu o direito de permanecer em silêncio.

Nuzman e Gryner seriam soltos na segunda (9), mas o juiz Marcelo Bretas acatou o pedido do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) e transformou as a prisão temporária de Nuzman em preventiva e estendeu a temporária de Gryner até sexta (13), ao menos. Para o agora ex-presidente, não há mais prazo para que ele seja colocado em liberdade, o que só ocorrerá por nova decisão judicial. Os advogados de defesa já protocolaram na Justiça um novo pedido de soltura.

Atletas protestam Do lado de fora da sede do COB, no Rio de Janeiro, atletas e ex-atletas protestavam com cartazes e palavras de ordem pedindo "diretas, já" na entidade. Eles defendem uma reforma no estatuto que dê direito de voto a todos os atletas brasileiros.

"São cerca de 400 mil federados no Brasil que não participam do processo de escolha dos dirigentes do COB", diz o ex-nadador Djan Madruga, medalhista nos Jogos Olímpicos de Moscou em 1980 e um dos organizadores do ato. Ele defende a convocação imediata de eleições no comitê olímpico.

Dirigentes da Federação de Tênis do Estado do Rio de Janeiro apoiaram os manifestantes. No ano passado, a entidade fez sua primeira eleição após reformar o estatuto e dar poder de voto a todos os tenistas. Até então, apenas os dirigentes de clubes votavam.

"Ainda é um movimento tímido. Com toda uma vida de estrutura antidemocrática, os atletas estão anestesiados e não têm impulso de reivindicação do que é deles, que é o esporte. Mas, aos poucos, acredito que eles irão superar o medo e abrir a consciência para o mal que vem sendo feito com eles e com o Brasil", disse Renato Cito, presidente eleito com voto dos atletas.