O Ba-Vi dos valores

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  • Elton Serra

Publicado em 18 de fevereiro de 2018 às 07:00

- Atualizado há um ano

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O técnico do Vitória, Vagner Mancini, é fã de xadrez. Desde a época de atleta, passava as noites de concentração e as tardes livres de folga desafiando amigos no jogo de tabuleiro. O xadrez, que se tornou esporte e exercita o cérebro e a criatividade, também ajuda Mancini a encontrar soluções táticas para seus times de futebol. Nos clássicos, sobretudo, essa capacidade aflora.

O primeiro confronto contra Guto Ferreira num Ba-Vi faz com que o treinador rubro-negro procure ainda mais alternativas para surpreender o adversário. O Vitória, que sofre com soluções de continuidade na equipe titular, não terá força máxima diante do Bahia. Mancini terá que improvisar na lateral-direita, por exemplo, e é bem clara a preocupação com o setor.

Na partida contra o Corumbaense, pela Copa do Brasil, Vagner Mancini experimentou. Começou com Lucas Marques na lateral, mas pouco tempo depois deslocou José Welison para a função. As trocas de posição aconteceram durante boa parte do confronto e, com isso, o desgaste de ambos foi atenuado. Welison, inclusive, foi autor da assistência para o gol de André Lima. Minutos antes, Lucas Marques também serviu ao atacante do Vitória, que cabeceou com perigo. A fragilidade da equipe sul-mato-grossense ajudou o rubro-negro a encontrar soluções práticas, que devem também ser usadas no clássico.

Neste domingo também entra uma discussão que tem sido recorrente nos últimos dias: time com ritmo de jogo versus time descansado. Vagner Mancini disse que estar jogando com frequência ajuda no desenvolvimento da sua equipe. Guto Ferreira, em contrapartida, comemorou o tempo que teve para treinar e aprimorar elementos táticos que faltaram ao Bahia nos primeiros jogos do ano. No embate de ideias, um a um no placar.

De qualquer forma, o tricolor precisava de uma pausa para olhar para si mesmo. Corrigir os erros durante as partidas ativava gatilhos emocionais que prejudicavam o desenvolvimento da equipe. Um passe errado era motivo para apupos da torcida, e a sequência de erros colocava em risco até o cargo de seu treinador. Obviamente que o tempo para treinar não traz a garantia do triunfo, mas faz com que o Bahia consiga reoxigenar o cérebro para solucionar os problemas coletivos. O Vitória, com mais ritmo, tem o estilo de jogo assimilado mais rapidamente, mas sofre fisicamente com a sequência de confrontos – algo que, quando o Vagner Mancini coloca na balança, opta pela primeira alternativa.

Guto Ferreira não deve abrir mão de seus conceitos. Gosta de uma equipe que sai rapidamente do campo de defesa, principalmente com seus laterais, e busca quase sempre o jogo com seus pontas, que na maioria das vezes são armadores pelos lados do campo. Amplitude que dá a possibilidade de Régis ou Zé Rafael, pelo centro, buscar infiltrações na área adversária. Tudo isso com a defesa protegida por um volante capaz de destruir e construir. Conceitos que não estavam sendo colocados em prática com eficiência, e que serão colocados à prova no Barradão.

Mais um jogo de xadrez se materializará em forma de futebol neste domingo. De um lado, um técnico que, apesar dos desfalques, mostra que suas ideias de jogo estão enraizadas na sua equipe. Do outro, um treinador que sabe da necessidade de voltar às raízes e recriar consistência num time de qualidade, mas ainda carente de organização. No primeiro Ba-Vi do ano, o xeque-mate está nas mãos de quem for mais fiel aos seus conceitos.

Elton Serra é jornalista escreve aos domingos.