O Ba-Vi que fez ruir certezas: odeio as verdades definitivas

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Publicado em 6 de fevereiro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Antes de mais nada, quero me apresentar para você, leitor do CORREIO, que a partir de hoje verá minha foto estampada no jornal e no site todas as quartas-feiras. Sou Rafael Santana e há mais de cinco anos cubro a dupla Ba-Vi para o site GloboEsporte.com. É um prazer estrear esta coluna por aqui.

Vou tomar o clássico do último domingo como exemplo para mostrar como odeio as verdades definitivas. No intervalo da partida, um amigo rubro-negro mandou mensagem revoltado com a atuação do time, a postura apática e, acredite, já pedia a cabeça do técnico Marcelo Chamusca. “Não é treinador para o Vitória”, sentenciou.

Do outro lado, o lindo gol de Gilberto provocou histeria coletiva na Arena Fonte Nova. Empolgados com o ritmo do time, os milhares de tricolores transformaram a confiança em convicção inabalável no triunfo. “Quem sabe até uma goleada...”. O Bahia encurralava o Vitória de forma assustadora e produzia algumas boas chances de ampliar o marcador. 

Quarenta e cinco minutos foi o tempo necessário para que todas as certezas ruíssem. Chamusca fez ajustes no intervalo, o Vitória melhorou, arrancou o empate e fez seu torcedor sorrir por último. O Bahia sentou em cima de uma vantagem ilusória e sentiu a ira do estádio colorido apenas com as suas cores.

A mudança repentina no curso da partida serviu para ilustrar como o futebol despreza verdades absolutas, ainda mais quando temos tão pouco tempo de futebol jogado no Brasil no ano. As equipes principais de Bahia e Vitória não alcançaram sequer a marca de cinco partidas em 2019. Críticas e elogios serão sempre bem-vindos, assim como uma boa dose de cautela.

Não é razoável que trabalhos de técnicos sejam colocados em xeque em apenas um mês, assim como é insano crucificar um jogador que acabou de chegar ao clube. Élber, atacante do Bahia, ouviu vaias de uma torcida contrariada antes mesmo de entrar em campo – os tricolores queriam Fernandão. Para quem não lembra, Élber é o jogador que chegou ao Fazendão contestado e terminou o ano de 2018 como titular.

Léo Ceará já ouve críticas pela escassez de gols na atual temporada. Ele que foi, disparado, o principal centroavante do Vitória em 2018. Poucos se dão ao trabalho de analisar que a produção ofensiva do time é baixa porque o meio cria muito pouco. São jogadores que ainda estão se ambientando ao novo clube e ao novo treinador. Se a bola chega pouco, quem mais sofre é o camisa 9.

O tricolor do primeiro tempo no clássico é vibrante, entrosado, joga um futebol envolvente e deixa no ar um gostinho do que pode ser a temporada, recheada de boas surpresas. É o mesmo tricolor que precisa aprender a matar o jogo quando tiver a oportunidade; que precisa fazer com que seus jogadores prezem pelo coletivo e não pela individualidade; que precisa manter o nível de concentração o tempo todo lá em cima.

A análise em cima do rubro-negro precisa ser ainda mais cuidadosa. Têm de se levar em conta a fragilidade e renovação quase completa do elenco, fatores que dificultarão a vida do treinador. É uma tremenda injustiça, com um mês de trabalho, cobrar do Vitória o mesmo nível de futebol do rival, que manteve a base e está alguns passos à frente. Ainda assim, Chamusca mostrou que pode fazer a equipe reagir neste ano que promete ser dos mais longos.

Rafael Santana é repórter do GloboEsporte.com e escreve às quartas-feiras.