O Brasil sonha com o resultado de Neymar e Tite juntos novamente

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Se os torcedores brasileiros comemoram o retorno de Neymar aos gramados na vitória do Brasil diante da Croácia por 2x0, a imprensa internacional também deu destaque ao acontecimento. Bem diferente do que acontece com o futebol brasileiro por aqui, o camisa 10 da Seleção é seguido de perto e está sempre nas manchetes dos principais jornais e sites esportivos da Europa. Neymar é um fenômeno em diversos sentidos e seu retorno, depois de três meses, não foi diferente.

“Existe um Brasil com e outro sem Neymar. É um fato”, analisou o espanhol Marca. De Barcelona, o Mundo Deportivo colocou o brasileiro em sua capa: “Neymar volta de longa lesão e faz um golaço”. O camisa 10 ganhou destaque, claro, também na primeira página do francês L’Équipe: “Em grande estilo. Neymar não poderia ter imaginado um retorno melhor”. Na Itália, a Gazzetta dello Sport manchetou: “Neymar volta após três meses: show e golaço. O Brasil sonha”.

Sim, o Brasil sonha. E o Brasil precisa do craque do PSG, ainda que o time de Tite não seja dependente dele, como foi comprovado nas vitórias diante de Rússia e Alemanha, quando Neymar ainda estava se recuperando da lesão. A combinação Neymar – Tite, aliás, é uma das chaves para o sucesso dessa Seleção Brasileira. Dentro de campo, uma peça que atrai todos os holofotes com seu talento. Que ativa, nos quatro cantos do mundo, aquela máxima do futebol brasileiro bonito, gingado e cheio de samba. Um conceito que não sobrevive mais sozinho, mas que está presente na estrela brasileira. Na beira do gramado, a história é diferente.

Tite hoje tem um status de “craque” parecido com o de Neymar na Seleção. Aparentemente, pelos comentários vindos do Brasil, inclusive, faz quase tantas campanhas publicitárias “pré-Copa” quanto o jogador.  As qualidades de Tite, no entanto, são vistas como algo bem distante da realidade brasileira. Enquanto o jogador brasileiro segue sendo uma referência de magia e talento (e Neymar é o auge disso), os técnicos brasileiros não são considerados modelos positivos para basicamente nada. Sob o aspecto tático, o futebol brasileiro é pobre, atrasado e preguiçoso. Sem o pudor que muitas vezes a imprensa brasileira tem, são análises que já escutei algumas boas vezes pelas bandas de cá. E Tite é elogiado por fugir desse padrão. Se tornou um grande técnico por fazer justamente o que a maioria dos treinadores do Brasil não faz: estudar e evoluir. 

Verdade seja dita, se Tite conseguisse passar essa mentalidade pra Neymar, no sentido do camisa 10 aprender um pouco mais com os erros e com outros exemplos, teríamos um fenômeno ainda maior dentro de campo. O Brasil precisa de Neymar. Neymar precisa de Tite.

Às claras No domingo (3), Itália x Holanda entraram em campo, em Turim, num amistoso que podemos chamar do “Jogos dos Excluídos”, já que nenhuma das duas seleções vai ao Mundial. Conversei, então, com alguns torcedores pra tentar descobrir pra quem vai a torcida deles. A resposta mais comum? Brasil, por causa de Neymar e Argentina por causa de Messi e Dybala (jogador da Juventus, time de Turim).

Clara Albuquerque é jornalista e correspondente na Europa