O Conde Pereira Marinho

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  • Nelson Cadena

Publicado em 4 de maio de 2018 às 06:13

- Atualizado há um ano

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Ele foi uma das maiores fortunas do país e um benemérito de várias entidades baianas. A sua estátua -  fundida na Itália, obra do escultor Antônio Rola de Simad - orna, desde 1893, a frente do Hospital Santa Izabel. Joaquim Pereira Marinho nasceu em Portugal em 1816 e ainda adolescente, 13 anos apenas, órfão, aportou na Bahia, iniciando a sua atividade comercial como caixeiro e marítimo. Descobriu no comércio de escravos um rentável negócio tornando-se, em menos de duas décadas, um dos maiores traficantes da Bahia e nesse mesmo período também uma das maiores fortunas. Aos 17 anos de idade fazia as rotas de Luanda e Lagos e já se relacionava com dois dos maiores fornecedores de cativos da África: Ana de Angola e Dominguinhos da Costa. Investiu inicialmente na compra de barcos, chegou a possuir 13 embarcações ao serviço do tráfico e de negócios de exportação. Até 1850 manteve essa atividade comercial, neste ano desembarcou da escuna “Catota” 450 escravos no Rio de Janeiro. Com a proibição definitiva do tráfico em 1851, após sancionada a Lei Eusébio de Queiroz, direcionou seus capitais para o sistema financeiro. Fundou o Banco da Bahia e anos depois foi um dos maiores acionistas do Banco Mercantil, também adquiriu lotes de ações de outros bancos.  Investiu em imóveis; fez negócios com a venda de carne oriunda do Rio Grande do Sul, uma das atividades mais rendosas, na época; comprou a fábrica de tabacos Boa Vista, em Portugal, provavelmente abastecida com matéria-prima do Recôncavo baiano. Como empreiteiro, construiu e explorou a estrada de ferro do Jequitinhonha, entre Bahia e Minas, através de parceria público-privada com os dois estados e ainda a estrada de ferro de Juazeiro. Com a sua firma Joaquim Pereira Marinho & Cia, constituída em 1851, atuou na compra e venda de madeira e investiu também em trapiches. Foi presidente e o maior acionista da Companhia Baiana de Navegação. O seu grande negócio, contudo, foi o de empréstimo a juros, a particulares e ao governo. O estado de Alagoas tomou emprestado 150 contos de reis, a juros de 8% ao ano, o dobro do cobrado no mercado e se encrencou de tal maneira que em 1886 cortou 20% da folha salarial dos funcionários públicos para acelerar o pagamento da dívida que se tornara insustentável, quitada em definitivo dois anos depois. Ao falecer, em 1887,  a fortuna do Conde Pereira Marinho, avaliada em 8 mil contos de reis, correspondia a dez vezes o orçamento anual de Alagoas. No seu testamento, declarou 227 imóveis de sua propriedade, somente em Salvador. Em 1847 tornou-se irmão da Santa Casa e no mesmo ano obteve a cidadania brasileira. A partir da década de 1860 torna-se um grande benfeitor, apoiando inúmeras obras de caridade, algumas de sua própria iniciativa. Ajudou em várias oportunidades vítimas de tragédias e da seca, não apenas na Bahia, mas também em outros estados do Nordeste, o caso do Ceará. Foi um grande benfeitor da Santa Casa de Misericórdia. Empenhou seu prestígio pessoal para contrair o empréstimo que permitiu retomar a obra do Hospital Santa Izabel; construiu às suas custas um prédio no Asilo dos Expostos (Pupileira) para amamentação das crianças da Roda; fez várias doações pontuais e, ao falecer,  legou à Santa Casa 80 contos de reis para o hospital, 10 para o Asilo dos Alienados e 10 para o Asilo da Mendicidade. Faleceu em 26/4/1887. Seu corpo foi velado na Igreja da Misericórdia e sepultado em um mausoléu do Campo Santo, perante a presença de mais de 2 mil pessoas; no seu enterro - tamanho era seu prestigio como benfeitor - viam-se as bandeiras, estandartes e insígnias de praticamente todas as confrarias e irmandades da Bahia.