'O coração está a mil', admite Hebert Conceição sobre estreia profissional

Pugilista baiano ainda não lutou após conquistar o ouro olímpico em Tóquio

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  • Daniela Leone

Publicado em 28 de julho de 2022 às 15:20

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Nara Gentil /CORREIO

Hebert Conceição está há quase um ano sem encarar um adversário em cima do ringue. O pugilista baiano ainda não voltou a lutar após conquistar o ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio e está contando os segundos para estrear no boxe profissional. "O coração está a mil. Já estou esperando há bastante tempo. A ansiedade só aumenta, mas agora está mais perto do que nunca", vibrou o atleta de 24 anos.

A primeira luta desse novo momento da carreira de Hebert é a principal atração do Boxe Solidário, evento que acontece no dia 26 de agosto, na Arena de Esportes da Bahia, em Lauro de Freitas, que tem capacidade para receber 2 mil pessoas. O local antigamente era chamado de Centro Pan-Americano de Judô, mas foi adaptado para agregar outros esportes. 

O ingresso deverá ser trocado por 2 kg de alimentos não perecíveis. Será possível fazer a doação e garantir a entrada a partir de segunda-feira (1º), nos Balcões Pida de cinco shoppings localizados em Salvador e Lauro de Freitas (Salvador Shopping, Piedade, Shopping da Bahia, Salvador Norte Shopping e Parque Shopping). Os alimentos arrecadados serão doados ao Grupo de Apoio à Criança do Câncer (GACC), às Voluntárias Sociais da Bahia e ao Projeto Social Escola Olodum.

"Foi um desejo meu e eu fico feliz que o governo da Bahia tenha abraçado essa causa, que tenha nos dado um suporte para que a gente não precisasse cobrar ingresso. É uma forma de retribuir o carinho que o povo baiano tem comigo, todo o apoio que me deram, o carinho que recebo nas ruas. Fico muito feliz que esteja sendo realizado dessa maneira. Sei que vai ser muito pouco, algumas toneladas de alimento, se é que o público vai comparecer, acredito que sim. É um pouco que vem de bom coração e que vai ser muito para muita gente. Espero poder de maneira indireta ajudar outras pessoas e presentear o público baiano, para que eles possam me prestigiar. A gente faz essa troca. Eles me dão apoio e eu dou essa oportunidade de eles prestigiarem o boxe profissional da Bahia", convocou o pugilista.

Hebert vai enfrentar o paraense Francisco Neves Valentim, o Chicão, de 33 anos. "Estou estudando ainda o meu adversário, mas eu não posso falar muito dele, posso falar de mim. Apesar de respeitar meu adversário, minha luta principal é contra mim mesmo, então hoje eu quero estar melhor do que ontem e amanhã melhor do que hoje, porque eu vencendo de mim mesmo vai ser muito mais fácil vencer meu adversário", projetou o lutador baiano. 

Treinado por Luiz Dórea, Hebert fez a preparação para a estreia como profissional na Academia Champion, em Salvador. Em duas oportunidades, também viajou a Dubai, nos Emirados Árabes. Os treinos no exterior foram promovidos pela Probellum, empresa de boxe com a qual assinou contrato por cinco anos. São quatro horas de exercícios diários, técnicos e físicos, de segunda a sábado. 

A estreia profissional bateu na trave algumas vezes. Uma delas aconteceria no mês passado, em Dubai, mas o adversário, o egípcio Abdelghani Saber, se machucou e a luta foi cancelada. 

"Eu queria fazer o evento aqui no início do ano e não deu certo porque tinha restrição de público por causa da pandemia e depois não foi possível porque o meu adversário se machucou em cima da hora. Em outra oportunidade, tive um problema com o visto para uma luta que tinha sido marcada no Canadá. O visto não chegou a tempo", contou Hebert.

"Lógico que não dava para lutar pós Tóquio, porque minha vida mudou, ficou uma correria total, mas já dava para ter estreado, sei disso. Enquanto isso, eu trabalhei, treinei todos os dias. O mais importante é que eu evoluí de lá pra cá. São coisas que fazem parte da caminhada, que servem para nos fortalecer. Aproveitei para treinar e evoluir. Quis o destino que eu estreasse aqui e estou muito feliz por estar sendo da maneira que eu queria", festejou.

Apesar da ansiedade para voltar a lutar, Hebert acredita que os meses de espera fizeram com que ele alcançasse um estágio mais avançado de adaptação ao novo momento da carreira. "Foi importante para eu adaptar o meu jogo do boxe olímpico para o boxe profissional, pois, apesar de serem o mesmo esporte, as modalidades são diferentes. A cadência e o ritmo são diferentes, tem que aprender a controlar melhor o tempo e a intensidade para conseguir durar por mais tempo e forte igual em todos os rounds. Vou estrear melhor do que se eu tivesse estreado no começo do ano", garantiu. 

Depois do ouro olímpico, Hebert Conceição vai buscar o título mundial. Mais do que isso, quer seguir fomentando o esporte nas novas gerações.   

"Me tornei inspiração para muita gente, uma pessoa pública, que tem que continuar dando bons exemplos. Chegar no topo é muito difícil, mas é ainda mais difícil se manter, então, tenho trabalhado diariamente, pois sei que cada passo que eu der vai estar refletindo não só em mim e na minha carreira, mas pode refletir também em outras pessoas, outros atletas que estão surgindo. Minha vida mudou muito, tô muito focado na minha evolução e muito mais atento. Espero poder continuar sendo um atleta de alto rendimento que traz bons resultados e que segue dando bons exemplos para as gerações que estão chegando", afirmou o lutador.