'O dia de hoje representa tristeza', diz mãe de Valdir Cabeleireiro em missa póstuma

Celebração reuniu familiares, amigos e admiradores do 'Anjo do Engenho Velho'

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  • Thais Borges

Publicado em 12 de novembro de 2017 às 13:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr/CORREIO

Um ano se passou após a morte do cabeleireiro Valdir Macário, mas a família ainda busca um conforto para a dor. Na manhã deste domingo (12), cerca de 150 pessoas compareceram à Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, na Praça Marques de Olinda, no fim de linha do Garcia, para uma missa pela memória de Valdir, assassinado dentro de seu salão no Avenida Vasco da Gama. 

"Depois de um ano, a missa hoje é para acalmar. É para tranquilizar a mim e aos meus", disse a cabeleireira e administradora Ide Macário, 38 anos, irmã de Valdir. Após a morte do irmão, ela e as outras irmãs deram continuidade ao ofício e à empresa que leva seu nome. "Muitas pessoas se escondem no trabalho para fugir das aflições, mas a gente não pode, porque o trabalho era parte dele".  Igreja na Praça Marques de Olinda, no fim de linha do Garcia, lotada de parentes, amigos e admiradores de Valdir (Foto: Betto Jr/CORREIO) A família soube pelo CORREIO, na sexta-feira (10), que o acusado de ser o mandante do crime, o traficante Edgar da Silva Santos, conhecido como Chocolate, não vai a julgamento. Mesmo assim, Ide diz que não deixam de ter confiança na Justiça. "Quando a gente soube, pedi tranquilidade em casa. Foi uma surpresa, mas a gente confia na Justiça. Sabe que a decisão vai ser o melhor". 

Mesmo indiciado após a investigação policial e denunciado pelo Ministério Público Estadual (MP-BA), o traficante que confessou à polícia que mandou matar o cabeleireiro, foi impronunciado na Justiça, ou seja, não deve ser julgado. Apenas um dos executores da ação, Patric Ribeiro Tupinambá, que aparece segurando um fuzil nas imagens do circuito interno de segurança do salão de Valdir, vai a júri popular.

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Amigo do cabeleireiro, o professor Carlos Lomanto, 55, destacou que a família espera também que seja feita a justiça divina. "Valdir era um homem preto. Só queremos a justiça social para honrar o nome dele. Quando o Estado vem e reconhece que ele era um homem de bem, que contribuía para a sociedade, o Estado atende nossas expectativas. Hoje, estamos aqui para agradecer". 

Mãe de Valdir, dona Alda Macário, 80, contou que pensa no filho todos os dias. Valdir era o penúltimo dos oito filhos de dona Alda - dos três homens, era o mais novo."O dia de hoje representa tristeza. Ali era o filho que todas as mães queriam ter. Era um menino bom, trabalhador, que ajudava todo mundo", desabafou dona Alda Macário, 80, mãe do cabeleireiro.  Para muitos dos presentes, a missa representou o momento de lembrar a história de Valdir. "Ele era uma pessoa muito querida e você percebe pela quantidade de pessoas que está aqui. Ele começou numa salinha em casa e foi crescendo com muita humildade. Hoje, um ano após a morte dele, parece que ele está vivo. O legado dele continua com as irmãs, que não vão deixar a peteca cair", afirmou o servidor público Augusto César, 37, primo do cabeleireiro. 

Quem viu Valdir crescer, como o aposentado Hermínio Brito, 79, ainda tem dificuldades para acreditar. "Com 10 anos, ele já cortava cabelo. Quando fiquei coroa, ele cortava o meu sem cobrar. Era um bom vizinho, bom amigo, bom filho e bom trabalhador", disse o vizinho, que vestia uma camisa com a foto do cabeleireiro e os dizeres "Saudades Eternas". O aposentado Hermínio Brito, vizinho de Valdir, veste camisa em homenagem ao cabeleireiro (Foto: Betto Jr/CORREIO)