'O Exército matou meu filho', diz mãe de catador durante enterro

Luciano Macedo foi ajudar família que teve carro fuzilado pelo Exército em Guadalupe

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  • Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2019 às 15:21

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

O corpo do catador Luciano Macedo, que morreu depois de ser baleado pelo Exército em Guadalupe, no Rio de Janeiro, foi sepultado nesta sexta-feira (19), no Rio de Janeiro.  A informação é do G1.

O catador levou três tiros ao tentar ajudar o músico Evaldo Rosa, que morreu no fuzilamento - 80 tiros foram disparados pelo Exército. Luciano ficou internado por duas semanas no Hospital Carlos Chagas, mas não resistiu aos ferimentos e morreu ontem. Ele deixa a esposa, que está grávida de cinco meses.

Aparecida Macedo, mãe de Luciano, desabafou no enterro. O catador achava que a área de Guadalupe era segura pela presença do Exército na região."Meu filho só estava tentando ter a casinha dele. Tinha a carteira assinada, mas não teve oportunidade, tá entendendo? E eu ainda falei para ele: 'Vai fazer barraco aí?'. Aí ele falou pra mim: 'Fica calma, coroa. O Exército está ali, a gente está seguro'. O Exército matou meu filho. O Exército matou meu filho", repetia.O catador passava pela rua quando o Exército começou a disparar contra o carro em que estavam Evaldo, a mulher, o filho e uma amiga. Luciano foi até o local para ajudar a salvar os feridos e chegou a retirar a criança de 7 anos do veículo, segundo testemunhas. Ele foi baleado ao chegar próximo ao corpo de Evaldo.

Em nota divulgada ontem, o Comando Militar do Leste lamentou a morte e afirmou que está em contato com representantes do catador.

"O Comando Militar do Leste lamenta a morte do Sr. Luciano e solidariza-se com a família e amigos. O advogado da família do Sr.Evaldo, Dr. João Tancredo, que também auxilia a família do Sr. Luciano, que infelizmente faleceu hoje, foi contatado por autoridade militar designada pelo CML, para tratativas iniciais".