O ‘fator Vinícius’ no futebol baiano

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  • Elton Serra

Publicado em 11 de março de 2018 às 04:38

- Atualizado há um ano

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Guto Ferreira, desde que chegou ao Bahia, em 2016, abriu mão de escalar times com um meia clássico, o famigerado camisa 10. Renato Cajá, contratado para ser o articulador do tricolor, perdeu espaço para o vertical Régis, meia-atacante que constantemente pisa na grande área adversária. A ideia prosseguiu em 2017, com as entradas dos armadores Zé Rafael e Allione na equipe titular. O 4-2-3-1 do Bahia, na fase ofensiva, transforma-se num 4-4-2 ou 4-2-4, com os volantes sendo responsáveis pela criação das jogadas.

É cada vez mais comum as equipes abrirem mão de uma formação tática com dois volantes que somente marcam, e um meia-armador centralizado, atuando atrás de uma referência fixa no ataque. Muitos treinadores buscam sistemas com um armador atuando centralizado numa linha de quatro jogadores, além de meias atuando pelos lados, funcionando como articuladores na fase ofensiva e marcando quando o time perde a posse de bola. Os pontas velozes, que acompanham os laterais adversários e “apenas” ajudam a dar amplitude, estão perdendo cada vez mais espaço – ou buscando uma readaptação de características. Em 2018, Guto tem usado Vinícius como um armador com funções de volante, por exemplo.

No Vitória a situação é bem parecida. Ano passado, a diretoria comandada por Ivã de Almeida investiu em nomes como os de Cleiton Xavier, Dátolo e Pisculichi. Três jogadores de estilos similares e que dão pouca intensidade ao jogo. O trio pouco jogou com a camisa rubro-negra por não se adaptar ao que os técnicos hoje buscam. No segundo semestre de 2017, o Vitória investiu no 4-4-2, com Yago fazendo o papel de armador pelo lado direito e com Ramon e Uillian Correia por dentro. David, jogador que preserva as características de ponta, tinha a função de quebrar as linhas adversárias com drible e velocidade. Este ano, o jeito de jogar é bem parecido. Não há mais espaço para meias clássicos no atual time do Leão.

A nova função aprendida por Vinícius dá uma cara diferente ao Bahia. É claro que precisamos ponderar a qualidade técnica dos adversários, mas o sistema se desenvolve com sequência, independente de quem esteja do outro lado. Em vez de estar próximo do gol o tempo inteiro, Vinícius agora tem mais espaço na intermediária para ser criativo e fazer o jogo fluir. Sem abrir mão de marcar, função que todos os 11 jogadores precisam cumprir. Uma readaptação que indica o caminho que o futebol tem seguido nos últimos anos: polivalência e jogo associativo, onde o talento individual só prevalecerá se o conjunto funcionar.

Nosso futebol está se redescobrindo sem volantes essencialmente marcadores. Eles ainda são necessários nas equipes, mas não em dupla. No 4-1-4-1 do Bahia, apenas Gregore, jogador moderno, cumpre a função. Quando o time assume o 4-2-3-1, Elton é o segundo volante, mas com características de armação. No Vitória, Ramon é praticamente um terceiro zagueiro à frente da primeira linha defensiva, enquanto Uillian Correia tem a obrigação de também ser armador. As equipes ganham mais dinâmica e oferecem mais fluidez ao jogo.

Os famosos “meias clássicos”, com as mudanças táticas, precisaram se reinventar. As grandes seleções mundiais, como Alemanha, Espanha, Argentina e até o Brasil estão jogando sem os conhecidos camisas 10. Não seria diferente na Bahia. A evolução do futebol, porém, não pode ofuscar o talento, ainda necessário, para continuar deixando o esporte atraente.