O filme António Um Dois Três mostra jovens em transformação

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  • Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2017 às 11:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: divulgação

Por Cláudio Marques - cineasta e coordenador do Panorama Coisa de Cinema

Leonardo Mouramateus é um velho conhecido do público do Panorama. O festival exibiu praticamente todos os curtas desse jovem autor, que vem do Ceará. Em determinada edição, foram exibidos dois curtas de Leonardo, na mostra competitiva. Agora, em 2017, estão em competição o curta Vando Vulgo Vandita e o longa António Um Dois Três, estreia nesse formato desse profícuo e premiado realizador.   Leonardo se notabilizou por fazer um cinema jovem e de extrema liberdade. Seu cinema é baseado em quebras e ritmos próprios. Leo flerta com o narrativo-clássico, mas possui personalidade própria, uma marca que distingue suas realizações.   Em “António Um Dois Três”, temos um filme em tela quadrada, num formato que mais se adequa aos jovens que compõem a geração irremediavelmente ligada ao celular. O formato quadrado nos possibilita ver melhor os rostos. E são essas faces jovens e em mutação que nos interessam. Não apenas os rostos, mas as palavras em diálogos e situações curiosas e muito bem construídas. Há muita invenção em António Um Dois Três.   Logo de cara, conhecemos António, que acorda assustado na casa de um amigo. O pai está furioso e o espera para uma conversa séria. Uma conversa entre homens adultos. O pai tem uma faca em mãos, está furioso e parece estar apto a algo além de simplesmente descascar uma laranja. António está tenso, pois fica a par que o pai já tem notícia de que há uma falcatrua que o envolve. Para desgosto do pai, António finge, apenas, estudar eletrônica na faculdade paga pela família.   António foge pelos lindos telhados lisboetas. Sim, a história se passa em Lisboa, onde Leonardo Mouramateus mora há algum tempo. Esse encontro Brasil-Portugal se dará durante todo o tempo do longa.   António é um jovem sem lugar, que flerta com as verdades e mentiras de sua própria existência. Afinal, ele estudava eletrônica ou teatro? Quem o denunciou? Quem escreveu aquela carta? Pior ainda: quem leu a carta...? Todas as certezas de António caem por terra e em cada novo ato (são três) toda a sua vida ganha uma nova roupagem.   Veremos António em diferentes situações e perfis psicológicos. O jovem irá viver cada momento como aprendizado e se desdobrará em outro ser no capítulo seguinte. Até o final, António estará mais seguro de si!   Interessante notar o tom sóbrio de António Um Dois Três. Embora jovem e existencial, não há lugar para dramas exacerbados ou mesmo psicologia barata.

António Um Dois Três era aguardado pela comunidade cinéfila. E não decepcionou! Um filme de rara personalidade, elaborado por um dos mais instigantes realizadores jovens brasileiros.  SERVIÇO

Competitiva Nacional VII - 13 de novembro, às 19h20, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha  - Ingressos: R$ 10,00 / R$ 5,00 Curtas da sessão: Peito Vazio, de Leon Sampaio e Yuri Lins - PE, 17'; Mamata, de Marcus Curvelo - BA, 30'

Longa da sessão: António Um Dois Três, de Leonardo Mouramateus - Brasil/Portugal. Conversa com o diretor após a sessão

- Em Cachoeira, o filme será exibido no dia 15/11, às 15h, no Cine Theatro Cachoeirano.