O futebol feminino também precisa de você

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  • Miro Palma

Publicado em 22 de março de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Quantas vezes você já foi ao Barradão e à Fonte Nova e os estádios estavam completamente lotados? Não dá nem pra contar nos dedos de tantas as oportunidades. Mas em quantas delas os torcedores não esperavam ver os jogadores em campo? Ah, teve aquele show... Não, esquece também os eventos não relacionados ao futebol. Agora, me conta, quantas vezes?

Não consegue lembrar? Nem eu. Sorte dos torcedores do Atlético de Madrid que não podem dizer o mesmo. No último domingo, eles encontraram o Estádio Metropolitano, que tem capacidade para 67 mil pessoas, com mais de 60 mil torcedores aguardando a partida entre o clube da casa e o Barcelona, pela 24ª rodada do Campeonato Espanhol Feminino.

Isso mesmo, os mais de 60 mil torcedores presentes não estavam lá por Griezmann ou Messi. Eles estavam lá para ver a artilheira da Liga, Angela Sosa, e a brasileira, Ludmila, que defendem a camisa do Atlético e, ainda, a holandesa eleita melhor do mundo pela Fifa em 2017, Lieke Martens, e a também brasileira, Andressa Alves, que vestem a camisa do time catalão.

O Barcelona venceu por 2x0. O resultado  deixou a equipe catalã com 63 pontos, três a menos que o líder da competição, ninguém menos que o Atlético. No entanto, o número que importa mesmo é o de torcedores, 60.739 pessoas mais precisamente. Um recorde de público em uma partida entre clubes do futebol feminino que levou 99 anos para ser batido. Antes disso, lá em 1920, 53 mil pessoas acompanharam a partida entre os times Dick, Kerr Ladies e Helen’s Ladies, na Inglaterra. O jogo no Metropolitano nos mostra como o futebol feminino tem potencial para ser popularizado.

Coincidentemente, no mesmo final de semana, começou o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino. Este ano, com as exigências da CBF e Conmebol para que os times mantenham equipes femininas como prerrogativa para disputar as principais competições masculinas das entidades como a Série A, Copa Sul-Americana e Libertadores, teremos a maior edição do Brasileirão com 52 times, sendo 16 deles na primeira divisão. A CBF fez mudanças na tabela que garantiram um número maior de jogos, saindo de 126 para 134.

Apesar disso, a entidade ainda não conseguiu firmar um acordo para a transmissão pela TV, que é de onde vem um grande aporte financeiro. Não há também um patrocinador fixo, o que dificulta o investimento a médio e longo prazos. E o pior, de acordo com um levantamento da Folha, só oito dos 52 times têm todas as jogadoras registradas com carteira profissional. Avançamos?

Por aqui, temos dois representantes na Série A1: São Francisco e Vitória. O São Francisco é o maior campeão baiano na modalidade. Já o Vitória, bicampeão, tem o título mais recente, do ano passado. O Bahia, por sua vez, montou sua equipe aos 45 do segundo tempo em parceria com o Lusaca, campeão baiano em 2017. O tricolor vai disputar a segunda divisão.

A nós, torcedores, deixo aqui uma missão: vá ao estádio apoiar as atletas baianas. Podemos não bater recordes como os espanhóis. Tampouco aparecer entre os lances na TV. Mas, com certeza, vamos ajudar a sedimentar o futebol feminino, contribuir com a sua popularização.  Aí, quem sabe, daqui a algum tempo, vamos poder dar uma resposta diferente àquela pergunta que fiz anteriormente.

*Miro Palma é subeditor do Esporte e escreve às sextas-feiras