O futuro da biblioteca

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  • Nelson Cadena

Publicado em 13 de abril de 2018 às 04:00

- Atualizado há um ano

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O governo do Estado, através da secretaria da Fazenda, liberou uma verba de 1,2 milhões de reais para obras emergenciais na Biblioteca Pública dos Barris, relegada ao abandono nos três últimos anos; na avaliação dos usuários configura o pior momento de sua história. É que nunca, antes, a nossa biblioteca viveu um momento tão dramático. As obras já começaram, a previsão é de se concluir em julho se o cronograma for seguido e se não houver erros de planejamento e fiscalização como ocorreu o ano passado com os 300 mil reais liberados para instalar o ar condicionado central que pifou no primeiro teste e no segundo; depois queimou e não funciona até hoje. Dinheiro jogado pela janela. 

A verba destinada para a chamada requalificação do espaço atende apenas o emergencial. Coloca no lugar a porta arrombada e nada mais do que isso. Se tudo correr como previsto o investimento repõe o gradil corroído pela ferrugem, disponibiliza novamente os banheiros para os usuários, corrige as infiltrações que são muitas e constantes, em especial no subsolo onde funciona o setor de audiovisual e, se não fizerem besteira novamente, a climatização desta vez será equacionada. A falta de ar condicionado foi uma das causas que afastou o público leitor. Hoje em todos os espaços de leitura (periódicos, revistas, livros raros, estudos baianos e sala Waldelois do Rego, de leitura geral e braile) não há quinze leitores simultaneamente, no dia a dia. 

A falta do ar condicionado não apenas afastou o público leitor como contribuiu para a deterioração do acervo: o calor é um dos maiores inimigos do papel, favorece as pragas, insetos, sem falar no manuseio de jornais antigos por mãos e braços impregnados de suor que deterioram muito mais. Qual é a realidade da biblioteca hoje? Em poucas palavras: 1/3 do espaço total interditado ao público, incluindo a sala de leitura de jornais antigos, setor de audiovisual e outras salas, vãos da varanda externa; banheiros fechados e asseio deficitário em todo a área; impossibilidade ou dificuldade de pesquisa por falta de climatização e a não atualização dos acervos. Chegou-se ao absurdo de cancelar as assinaturas dos jornais diários que a biblioteca adquiria desde a década de 1830, sem solução de continuidade. 

Parte destes problemas serão resolvidos se a verba liberada pelo governo for bem aplicada conforme divulgado, e as obras acompanhadas e fiscalizadas pela Secult/Fundação Pedro Calmon e espero que pelo gabinete do governador que já sabe o que ocorreu com a Biblioteca Central nos últimos anos. Faltou gestão. Falei em 1/3 do espaço interditado o que é uma má noticia, mas, também é uma boa oportunidade para o futuro da biblioteca. Significa que pode se instalar, para começar, um pequeno laboratório de higienização e restauração de livros e periódicos. E que poderá ser ampliado quando houver mais recursos. Pode-se também abrir uma área para digitalização que é o segundo passo e a correspondente classificação desse acervo. Há muito a ser feito, se houver boa vontade.

Como ia dizendo a verba disponibilizada repõe apenas a porta arrombada. Temos que pensar nas janelas para o futuro senão de nada adiantará um band-aid em ferimentos que requerem uma intervenção mais efetiva. Acredito no futuro da biblioteca se houver disposição do governo e pressão da sociedade e da mídia e se a Assembleia Legislativa aderir à causa para garantir recursos no orçamento de 2019, direcionados para a preservação dos acervos. Lembro do estado de ruina a que chegou nosso Arquivo Público, no período entre 2011 e 2013. A pressão da sociedade civil movimentou o governo que requalificou o espaço e, hoje, é um modelo e um equipamento exemplar para pesquisa. É da escuridão absoluta que surge uma luz no final do túnel. Se deu certo com o Arquivo Público, por que não com a nossa biblioteca?