O 'luxo' pode levar o Bahia ao rebaixamento

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  • Darino Sena

Publicado em 26 de setembro de 2017 às 10:49

- Atualizado há um ano

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A vitória sobre o Grêmio deve-se muito mais à solidez do sistema defensivo do Bahia no jogo do que à frieza de Rodrigão na cobrança de pênalti, aos 52 minutos do segundo tempo. Sem a eficiência do time para defender, o gol do centroavante não representaria os três pontos cruciais na briga desesperada para não cair.

O Bahia começou com uma marcação à altura da linha do meio de campo, povoando o setor e impedindo o que esse Grêmio faz de melhor – a troca de passes. Ao roubar a bola, o time de Preto começava o contra-ataque já no campo do rival. Pena que Mendoza e Rodrigão não tiveram a lucidez para dar seguimento às oportunidades que tiveram na puxada de contragolpe, ante uma defesa gremista mal posicionada.

A postura lembrava até o Bahia do final do primeiro semestre e do início do Brasileirão. Durou pouco. Logo o time recuou e chamou o Grêmio perigosamente para o seu próprio campo. Mas a defesa estava bem posicionada. Linhas próximas, marcação dobrada, e às vezes até triplicada, em cima de Arroyo, Ramiro, Arthur, Michel, Jael e, sobretudo, Fernandinho, impediam que o campeão da Copa do Brasil levasse perigo ao gol de Jean.

Salvo uma arrancada de Everton pela esquerda, já no segundo tempo, que terminou numa bola no travessão e defesa espetacular de Jean no rebote, o Grêmio não teve chances claras para derrotar o Bahia.

Mas, jogando em casa, não perder é insuficiente. E o Bahia não mostrou recursos para ganhar. O time bem postado na defesa não tinha saída de contra-ataque. Nem com os laterais, nem com os volantes, nem com os meias. Colocar alguém mais próximo para fazer dupla com Rodrigão – primeiro Vinícius, depois Zé Rafael e, por último, Edigar Junio, também não adiantou. A bola não chegava.

Até que, aos 48 do segundo tempo, Régis, que tinha entrado aos 43, enfiou uma bola para Allione. Na disputa com Edílson, o argentino, vindo do banco no intervalo, sofreu o polêmico pênalti (pra mim, foi) que resultaria no gol da vitória. Allione e Régis. Uma dupla que não foi parar entre os reservas por acaso - a queda de rendimento foi notória -, mas não pode continuar mais lá.

A comissão técnica tem a obrigação de recuperar os dois protagonistas dos melhores momentos do time no ano. Únicos capazes de elevar o nível de uma das principais carências da equipe – a criação. Não pela jogada isolada do último domingo e sim pelo que Allione e Régis são capazes de render – muito mais do que quem vem jogando no lugar deles.

Não dá para seguir dependendo cada vez mais dos raros  lampejos de Mendoza, da bola parada, do acaso, do Senhor do Bonfim, e da inútil esperança de que Vinícius vá resolver alguma coisa. Allione e Régis não podem assistir do banco de reservas à luta do tricolor para permanecer na Série A, sobretudo nas partidas na Fonte Nova. O problema é físico? As semanas cheias para preparação entre os jogos estão aí para isso. Ritmo só vem com jogo.

Numa estratégia de marketing até hoje mal explicada, os cartolas abriram mão da camisa 10 neste Brasileiro, após a saída de Renato Cajá. Em campo, não dá para seguir a mesma lógica e continuar indiferente aos dois jogadores mais talentosos do elenco. Um luxo, ou desperdício, que pode custar a permanência na primeira divisão.

Darino Sena é jornalista e escreve às terças-feiras.