O título de viela mais conhecida do Circuito Dodô tinha que ser do beco onde o respeito a diversidade imperam. Fica logo ali, na ligação entre a Avenida Oceânica e a Rua Marques de Leão, na Barra. O Beco da Off (antiga boate gay), que na verdade se chama Rua Dias d’Ávila, durante os dias de Carnaval se transformou no Beco das Cores Trident.
Esse ano, o ponto de encontro oficial do público LGBT contou não só com djs para animar os intervalos entre a passagem de um bloco e outro. O lugar ficou ainda mais bafônico com shows de artistas a rapper curitibana Karol Conka, que rolou na sexta-feira (24) e de Liniker, que teve o show de segunda-feira transferido para o último dia de Carnaval por conta da chuva.
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Filipe Santos e Kevin Luiz passaram pelo beco no Carnaval: "As pessoas curtem juntas", afirmou Filipe (Foto: Priscila Natividade/ CORREIO) |
“Salvador é um berço cultural de muitas coisas, inclusive para ser de todo mundo. O Carnaval é de todos sem questão de gêneros, classes ou divisão. É para ser o que quiser e com respeito”, afirmou Liniker, que arrastou uma multidão de fãs, durante sua apresentação no Beco das Cores. Entre eles, o assistente administrativo, Filipe Santos, de 19 anos. “A bicha é maravilhosa”, disse. A melhor coisa do beco é justamente a falta de preconceito. “Muito glamour, muitos LGBTS, muito respeito e amor. As pessoas curtem juntas, independente do que são”, acrescenta.
E nesse beco acontece é coisa, como revela ainda o assistente administrativo: “Fiquei com o meu melhor amigo agora. Nem imaginava que isso ia acontecer. Uma pessoa que eu nunca imaginava que beijaria. Tem coisas que só esse beco proporciona”.
Para a estudante Beatriz Luz, 18, o beco traz segurança. “Aqui homofóbico não tem vez”. O amigo e também estudante Paulo Ricardo pereira, 18, concorda: “O beco é LGBT e tem representatividade. Isso importa muito. É um lugar que mostra com todas as letras que a gente existe”, completa ele.
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O cabeleleiro David Birne (centro) juntou os amigos e transformou o Beco das Cores na sua segunda casa (Foto: Priscila Natividade/ CORREIO) |
Lar doce lar
Desde o domingo do Furdunço (19), que o cabeleireiro David Birne, 25, transformou o Beco das Cores na sua segunda casa. “Aqui é o ponto de se perder e se encontrar. Todos os dias de Carnaval nós viemos para cá. Só fui em casa dormir, tomar banho, mudar o look e voltar. A gente só sai daqui quando o telão da passarela desliga”, contou.
O gestor comercial Alisson Short é mais um que curtiu o beco intensamente durante todo o Carnaval. “Apesar de ser cheio, não tem bagunça nem briga. Dá para ficar tranquilo e curtir tudo de boa. Me sinto até acolhido como se estivesse em casa mesmo. Aqui tem tudo, fica tudo lindo”.