O Paraíso Perdido

Por Aninha Franco

  • D
  • Da Redação

Publicado em 17 de março de 2018 às 05:09

- Atualizado há um ano

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O Brasil nunca conseguiu imprimir uma marca tão honesta de si mesmo como essa de agora, que assombra o Planeta. No período colonial, os portugueses destruíam ou controlavam a impressão das obras que descreviam o Paraíso que nós temos ao nosso redor de Terra, Água, Ar e Fogo, elementos às vezes tão raros ou inférteis em outros territórios. Temos tudo maior, tudo mais agradável ou tudo igual às propriedades dos países mais bem sucedidos da Terra, mas nunca conseguimos fazer bom uso de nossas propriedades.

Os portugueses esconderam como puderam de seus concorrentes que o Brasil era o paraíso porque o paraíso lhes pertencia, e eles não queriam dividi-lo com ninguém. Mas não adiantava, porque a confissão, a ferramenta que a igreja católica usou e usa para saber – e controlar – tudo que acontece em todos os lugares, descrevia esse paraíso aos franceses, aos holandeses, aos ingleses que chegaram às suas maneiras, com navios de guerra ou protetorados, até que a invasão do último interessado nesse território idílico, os USA, desde os anos 1950, fortemente depois de 1964, nos transformou nessa colônia democrática em estado de barbárie.O assassinato de Marielle Franco, que expôs os assassinatos diários de milhares de brasileiros menos famosos, mostrou nas redes a nossa barbárie interna, a mais violenta de todas. Há opiniões publicadas sobre o crime do qual ela foi vítima, que provoca saudades da velha marca pré-WEB de um Brasil território de onças nas ruas e de bundas nascidas nos coqueiros. A Web descortina todos os dias, às vezes violentamente como neste homicídio, o paraíso violento, desaculturado e perdido nessa natureza majestosa.E à sua marca barbarista, some-se a imagem de seu maior líder político, Lula, que tem como virtude maior a capacidade de se comunicar com a grande maioria da população, que, como ele, nunca leu um livro, e que permanece na mídia, às vezes usando o figurino do “ladrão boliviano” criado por Nelson Rodrigues, sem qualquer proposta ou ideia, só defendendo “malfeitos” e ameaçando um dos poderes da República que conduziu, o Judiciário, para não ser preso pelos crimes que cometeu de lavagem de dinheiro e corrupção.

Um outro candidato à presidência do paraíso nas próximas eleições, que representa milhares de brasileiros nas pesquisas, encanta-os com um discurso defensor de quase todos os princípios da barbárie, com um vocabulário sanguinolento, sem nenhuma proposta que afaste o país das trevas em que está. Um outro candidato, carioca de Miami, promete nos próximos meses comer buchadas de bode no sertão para encantar nordestinos. E os velhos conhecidos, Ciros e Marinas, continuam com os velhíssimos discursos do tempo em que as onças andavam nas ruas e as bundas nasciam nos coqueiros.

O Judiciário que enfrenta a barbárie faz greve para manter privilégios que fomentam a barbárie. E atiradores do legislativo, à direita ou à esquerda, tocam fogo no mar pra comer peixes fritos.

Nada de Adões ou Evas que demonstrem saber que para merecer o Paraíso é preciso comer a maçã do conhecimento. Só serpentes corruptas e maçãs envenenadas.