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Elton Serra
Publicado em 27 de maio de 2018 às 05:00
- Atualizado há um ano
O abismo que existe entre os estaduais e o Campeonato Brasileiro, sabemos, é enorme. Praticamente todos os clubes da Série A ponderam o desempenho nos primeiros três meses do ano – exceto aqueles que disputam a Copa Libertadores –, e não se deixam empolgar por resultados expressivos nos torneios locais. Quando a realidade é o Campeonato Baiano, essa ponderação é elevada à enésima potência.
As competições menores também são capazes de colocar lentes de aumento em atuações individuais. Muitos jogadores, por seus desempenhos nos estaduais, passam a ser supervalorizados e sobem de patamar de maneira precoce. O nível técnico dos adversários não é levado em consideração.
Neilton, por exemplo, convive com a virose do estadual. Eleito melhor jogador do Campeonato Baiano, o atacante do Vitória viveu seu melhor momento no rubro-negro durante o primeiro trimestre da temporada. Seu desempenho, muito acima dos companheiros de elenco, lhe deu um protagonismo perigoso: a responsabilidade pela conquista de bons resultados caiu nas suas costas. Ao final do Baianão, Neilton viu o seu futebol crescer, mas o desempenho do Vitória estagnou.
O “menino Nei”, depois da lesão, não foi mais o mesmo. O seu rendimento caiu e o time perdeu a referência técnica. Como não encontrou alternativas capazes de suprir a má fase do atacante, já que não evoluiu junto com o seu futebol, o Vitória se tornou ainda mais previsível. As eliminações nas Copas do Brasil e do Nordeste não são meras coincidências – fazem parte de um pacote bem conhecido da torcida, e que já se desenhava no próprio estadual.
Outro caso curioso é o de Vinícius. Assim como Neilton no Vitória, o meia chegou ao Bahia durante o Campeonato Brasileiro do ano passado, mas só desabrochou no último estadual. Atuando como segundo volante, ganhou protagonismo no time de Guto Ferreira e foi decisivo na conquista do título baiano. Ídolo da torcida com suas dancinhas e gols em Ba-Vis, Vinícius saiu do anonimato no elenco azul, vermelho e branco para ganhar status de intocável. Até terminar o frágil campeonato local.
Vinícius tem oscilado na Série A, apesar de se manter no time titular. Voltou a atuar como meia-armador na linha de três do 4-2-3-1 de Guto Ferreira. As atuações não se aproximam do desempenho visto no Baiano – ao contrário de Zé Rafael, regular na Série A desde o ano passado. O Bahia tem patinado dentro da competição nacional, e Vinícius não segurou a responsabilidade de ser a mola-mestra do meio-campo tricolor.
Neilton e Vinícius possuem qualidades inegáveis. São importantes em seus times, e capazes de produzir muito mais do que têm mostrado atualmente. Porém, não são engenheiros do futebol, e sim operários importantes numa engrenagem coletiva. Quando forem tratados de tal forma, talvez voltem a render o suficiente para ajudar a dupla Ba-Vi a decolar na temporada.
Apita o árbitro! A primeira coluna foi publicada dia 19 de dezembro de 2014. Foram quase três anos e meio tentando construir um diálogo sobre o futebol baiano, afinal, o jornalismo pode contribuir positivamente para a evolução do esporte no estado, inclusive com críticas capazes de provocar reflexões. Agradeço ao CORREIO, em especial ao editor de Esporte, Herbem Gramacho, pela oportunidade. Foi massa! E obrigado a você, leitor, por tudo. Nos lemos por aí!