'O problema era Marcelo Nova: aquele arrogante’, diz líder do Camisa de Vênus

Cantor fala da fama de "nojento", da cena do rock e do show que apresenta no Festival Rock Concha, neste sábado (13)

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  • Laura Fernades

Publicado em 12 de julho de 2019 às 12:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Carina Zaratin/Divulgação
Com Marcelo D2, Planet Hemp faz show no domingo por Foto: Divulgação

Sábado (13) é o Dia Mundial do Rock e, sem papas na língua, o cantor e compositor Marcelo Nova, 67 anos, avalia que “tá faltando um pouco de originalidade” na nova geração de artistas. “O desinteresse dos tempos modernos não é só pelo rock: ninguém mais está interessado em ler, a não ser essas tolices de autoajuda”, compara o veterano que chegou a ser chamado de “arrogante e nojento”, no passado. Atração do Festival Rock Concha 30 Anos, o artista se apresenta com o grupo Camisa de Vênus neste sábado, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves.

A festa celebra três décadas de história em dois dias de shows com os principais representantes do gênero do Brasil. Sábado (13) tem Ratos de Porão, Malefactor e Drearylands, além do Camisa de Vênus. Já no domingo (14), o evento vai contar com Planet Hemp, Pedro Pondé e Alquímea. Por ser uma festa de 30 anos, a curadoria apostou em uma grade ‘mais agressiva’, com um 'rock mais radical', explica a produtora do Rock Concha, Irá Carvalho. “É uma celebração do Dia Mundial do Rock”, justifica. O grupo Ratos de Porão se apresenta no Rock Concha no sábado (13) (Foto: Wander Willian/Divulgação) Os clássicos dos quase 40 anos de carreira do Camisa de Vênus estarão lá, além de músicas do CD/DVD Dançando na Lua (2016), primeiro álbum de inéditas do grupo em 20 anos. Enquanto comemora os elogios ao último álbum, Marcelo lembra que o Camisa de Vênus “era massacrado pela crítica nos anos 1980”.“Na verdade, o problema não era o Camisa, era Marcelo Nova: ‘aquele arrogante, aquele nojento’. Vou dizer a você: gostava do embate, era muito divertido”, gargalha o cantor, sobre as polêmicas que lançava em entrevistas.“Esse disco foi observado por outra geração, mais nova, que não participou do embate e tem outra referência que não é a persona inconveniente de Marcelo Nova. Não era mais aquele cara de casaco de couro que mandava todo mundo tomar no c.... É bom ser apreciado pelo trabalho e não pelo meu topete, minha costeleta”, ri Marcelo.

A tal da rebeldia Sem melindre ao falar da postura considerada arrogante, o cantor também não tem pudor em criticar os rumos do rock. Para ele, a cena começou a ruir depois de viver momentos marcantes como o rock "ingênuo" de Elvis Presley e Chuck Berry, a chamada invasão inglesa dos Beatles e Rolling Stones, e o "rock pesado" do Led Zeppelin, Black Sabbath, Deep Purple e Sex Pistols.

"Nos anos 90, tivemos o Grunge e aí a coisa começou a ficar sob suspeita", provoca Marcelo, ao lembrar de quando o cantor Kurt Cobain (1967-1994), líder do Nirvana, deu uma cusparada na câmera que fazia transmissão para a MTV, durante um show."A catarrada é uma atitude extremamente ofensiva, que causa repulsa. E o que fez a empresa? Apropriou-se da catarrada e fez sua marca. A tal da rebeldia, da ofensiva que vinha na linguagem do rock, passou a significar o quê depois disso?", questiona.A partir de então, o líder do Camisa de Vênus sente que a nova geração de artistas tem pouca originalidade e soa exatamente igual aos grupos e cantores que têm como referência. "Você ouve bandas do rock brasileiro que literalmente são cópias de bandas inglesas. O Camisa nunca teve isso, porque se por um lado teve um pé no punk, teve outro em Raul Seixas. Nós criamos uma identidade", garante. 

As referências vão de Adelino Moreira a Nelson Gonçalves, passando por Little Richard, Bob Dylan, Jards Macalé e Lou Reed. "As pessoas identificam com rapidez um estilo muito próprio. Se você prestar atenção no Camisa, tem todo um amálgama de referências que quando se consolidou, resultou em um som único", garante.

Serviço O quê: Festival Rock Concha 30 Anos. Onde: Concha Acústica do Teatro Castro Alves (Campo Grande). Quando: Sábado (13) e domingo (14), a partir das 15h30 (abertura dos portões) e 17h (shows). Ingresso: R$ 100 | R$ 50 e R$ 200 | R$ 100 (camarote). Vendas: TCA, SAC’s dos shoppings Barra e Bela Vista; e site Ingresso Rápido. Clube Correio: 20%. Transmissão ao vivo: TVE e Rádio Educadora FM, a partir das 17h, no sábado, e 17h30, no domingo.

13/07 - Sábado 17h: Drearylands 18h: Malefactor 18h40: Ratos De Porão 20h: Camisa de Vênus

14/07 - Domingo 17h: Alguimea 18h40: Pedro Pondé 20h: Planet Hemp