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Publicado em 8 de janeiro de 2019 às 14:30
- Atualizado há um ano
Com gritos de “mito”, “ôôô o capitão chegou”, Jair Messias Bolsonaro foi empossado como presidente do Brasil para o quadriênio 2019-2022. Frente a um público de aproximadamente 115 mil pessoas, presentes na Praça dos Três Poderes, em Brasília, a sua bandeira “ O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, slogan da campanha eleitoral, foi aclamado com fervor.
Os eleitores que votaram no capitão reformado confiam no que ele vem prometendo: ordem, combate ao crime organizado, revalorização das Forças Armadas, caça à corrupção, fim dos privilégios, fim do toma lá dá cá de políticos e partidos, redução do tamanho do Estado, desburocratização, valorização da legítima defesa (ampliação da posse de arma), diminuição da ideologia de esquerda, enaltecimento da família e dos padrões morais tradicionais. Muito? É o que ele garante em seu tom populista.
Bolsonaro promete unir o país e acabar com as ditas divisões ideológicas. Mas terá que ir além do discurso agressivo anti socialista e anti progressista; deve agir concretamente no sentido de implantar reformas que atendam aos anseios imediatos de seus eleitores, mas também de toda a população, afinal ele é o chefe político da nação. Chegou a hora de descer do palanque e abandonar a retórica de campanha.
Os próximos anos de governo são uma incógnita, não há como prever o final da jornada; o que dá para prognosticar, correndo riscos, é que ele deverá ser o presidente mais vigiado da história do pais, o mais cobrado em termos de resultados (inclusive por seus próprios eleitores), provavelmente o mais presente, por causa do contato com as redes sociais, e, por fim, deverá ter a maior oposição civil desde à redemocratização.
O fato é que as bandeiras que Bolsonaro promete implantar em seu governo têm um olhar nostálgico, remonta a períodos que não havia democracia no país e nem direitos humanos. Outrora, o Brasil era excessivamente rural, provinciana, analfabeta, arraigada em fortes valores tradicionais seculares, com uma cultura patriarcal, pré-democrática e direitos fragilizados. Como irá governar saudando o passado e lidando com um presente bastante multicultural, vigilante e globalizado?
O risco de toda essa embarcação de possíveis mudanças, é saber se os valores democráticos e republicanos serão preservados. Lembrando que a democracia é uma construção histórica moderna, ocidental, conquistada a ferro e fogo, e em andamento; também é uma ampliação de valores liberais, que busca garantir alargamento da igualdade e liberdade individual, o que implica tolerância, respeito a diversidade, respeito a opinião alheia, as minorias e as oposições. Sem levar em consideração esses sagrados preceitos, toda a inclinação política desembocará no autoritarismo, contrário, portanto, ao principal valor do Estado Liberal Democrático: a liberdade.
Alan Rangel é doutor em Ciências Sociais pela UFBA e professor da Faculdade Fundação Visconde de Cairu.
Opiniões e conceitos publicados nos artifos são de responsabilidade exclusiva dos autores