O que Neymar pode nos ensinar

Alexsandro Nascimento é  mestre em Administração de Empresas e graduado em Ciência da Computação. É idealizador do portal Carreiras em Alta (www.carreirasemalta.com.br)

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  • Da Redação

Publicado em 9 de agosto de 2017 às 03:45

- Atualizado há um ano

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Há uma máxima no futebol que diz: “Em time que está ganhando, não se mexe!” Talvez essa mesma lógica seja muitas vezes equivocadamente adotada por vários profissionais em suas carreiras, ou seja, estou numa organização/empresa que é destaque em sua área de atuação, tenho um bom salário, sou reconhecido em minha profissão e tenho bons relacionamentos, por que mudar? Por que trocar o certo pelo duvidoso? (Foto: AFP) E o que podemos dizer, então, de Neymar, que há pouco estava em um dos maiores times do mundo, com um salário acima da média, até mesmo para os melhores profissionais da sua área, com um bom reconhecimento do seu trabalho e ainda com várias amizades no clube? Se você estivesse no lugar dele, mudaria? Ainda mais para uma empresa de expressão menor? 

É  o caso do Paris Saint Germain, time grande na França, mas com bem menos expressão internacional do que o Barcelona. Será que Neymar errou? Estava insatisfeito ou com problemas que muitos não sabiam? Será que foi por causa de dinheiro? Nenhuma das alternativas anteriores. Acompanhamos não apenas a maior transferência do ponto de vista financeiro de um jogador de futebol da história, mas também o maior acerto de todos os tempos de um jogador em sua carreira na história do futebol mundial.

Para entendermos o tamanho do acerto de Neymar, fica mais fácil à luz do modelo dos 3 “R’s” da motivação profissional. Esse modelo se baseia em outros estudos realizados por especialistas, bem como na experiência profissional do autor. O primeiro R é o da Razão. Adaptado do círculo dourado de Simon Sinek, a razão é o “motivo”, “porque” cada um de nós faz o seu trabalho. E isso não é fácil descobrir e validar, como o próprio estudo de Sinek apresenta, boa parte dos profissionais não tem clareza exata do “porque” fazem o seu trabalho, o que os inspira. Geralmente, os que se destacam têm!

Fica claro no caso de Neymar, que é um profissional movido a desafios e o projeto apresentado a ele pelo novo clube é talvez um dos maiores desafios de sua carreira. O que poderia “paralisar” muitos foi justamente um dos principais combustíveis para a decisão dele, pois tem clareza de que é um profissional movido a desafios (sua razão, seu porque) e precisa de grandes desafios para “performar” em alto nível, como se espera dele e como ele mesmo se cobra.

O segundo R é o do Reconhecimento. Conforme Mário Sergio Cortella, o reconhecimento é um dos principais fatores que influenciam na motivação dos profissionais. Ninguém questiona se  Neymar era reconhecido no Barcelona, mas o fato a ser analisado é se o reconhecimento que ele tinha era suficiente para ele, ou mesmo se era o que ele esperava depois dos anos e resultados obtidos. Ainda segundo Cortella, não é apenas a questão de promover elogio pelo elogio e, sim, reconhecer o profissional na medida adequada para que ele tenha a energia para continuar a atuar em alta performance e essa é a realidade de profissionais do nível de Neymar, sempre obtendo resultados diferenciados.

O terceiro R é o do Relacionamento e, para verificarmos,  podemos levar em conta o estudo que tem como responsável Robert Waldinger, professor da Harvard Medical School, que  ao longo de 75 anos acompanhando a vida de 724 homens, ano após ano, e tentando entender o que mais os fazem felizes, identificou que o principal causador da felicidade eram bons relacionamentos. Sejam eles no ambiente de trabalho, amigos ou família. Ter e manter bons relacionamentos estão entre as principais causas de felicidade das pessoas.