O que salva o artista é seu conteúdo e seu poder causador

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  • Cesar Romero

Publicado em 2 de setembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Obra de Pablo Picasso (foto/divulgação) Para que algo se transforme em peça de arte é preciso um longo percurso. Um estado de reflexão que seja capaz de comprometer consciência, buscando o mundo mítico e simbólico. A busca da obra de arte passa por etapas que vão se acumulando, desenvolvendo um “algo” em motivos e sensações que vão moldando identidades. A organização de um agrupamento de ideações tem início, mas nunca um fim. O fim do “algo” termina na finitude, quando se encerra o processo dialético.

O mundo objetivo não compreende uma verdade absoluta, mas sim aclaramentos, momentos em que se apreendem fenômenos que transcorrem numa visão dualista do real, buscando a pacificação dos elementos da Natureza. No transitar de ideias a arte organiza-se, movida pela necessidade interna de expressar sentimentos e fatos decorrentes de um período histórico, uma época. O sonho com ação são motores da realidade, no engenho da captura de estranhamentos das várias vertentes da realidade.

Reprocessar vivências, singularidades, são tarefas pertinentes ao ofício de quem busca na arte um sentido de existir. O artista vive das ocorrências entre pessoalidade e o pluralismo contemporâneo. Todo artista é refém de suas produções e marca autoral. A arte requer uma grande devoção, não só conhecimento do metier. Hoje muito mais o conceito, seu poder de revelação, questionamentos e funções. Há sempre uma jornada angustiante a cumprir. Sem conflito não há arte de essência. O artista não é mais um manipulador de fórmulas, sim um investigador, buscando resultados.

O tempo é eterno. Cada criador tem seu espaço nessa eternidade, um punhado de anos transitando entre lógica e emoção, coisas distintas, que podem unir-se fluindo para um produto sensível. Nas somações de vivências, retalhos de memória se constroem essência, que é matéria para a arte. A imaginação se torna maior que a realidade. No mundo da invenção poucos artistas se destacaram pela originalidade. Outros tomaram por empréstimo esta “originalidade”, como Pablo Picasso, e criaram por acréscimos um outro estado de alma que tem seus méritos, hoje desobrigados do novo, diferente do modernismo. Há espaço para se questionar a arte em si, e oportunidades para meditação de novos conteúdos.

O que salva o artista é seu conteúdo e seu poder causador, nas articulações das equações do olhar e pensamento. Também seu provimento de construções, que está imerso nas vivências, seu instrumental de elaborações. A convivência de qualquer produtor de arte com seus pares, as troca de saberes, dissecamento de assuntos, abrem possibilidades de novos ângulos de assimilações.