O que se vê é vindo do real, mas não é o real; é pintura de alta qualidade

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  • Cesar Romero

Publicado em 22 de outubro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Hildebrando de Castro nasceu em Olinda - PE, em 1957. Passou sua infância e se desenvolveu profissionalmente no Rio de Janeiro. Autodidata, realizou sua primeira exposição individual no Museu Nacional de Belas Artes do Rio, na metade dos anos 80. Viveu onze anos entre Paris e Nova Iorque e, desde 2004, fixou-se em São Paulo. Vem trabalhando e expondo sistematicamente, sem soluções de continuidade. Esta exposição que realiza agora na Paulo Darzé Galeria é a segunda no mesmo espaço expositivo e fica aberta ao público até o dia 17 de novembro.

A mostra tem por título EDP, onde apresenta uma série de novas pinturas, projeto que se iniciou no final de 2016, levou dois anos de trabalho contínuo. Hildebrando explica o processo de criação desta série: “Decidi tirar férias em Lisboa. Logo após o desembarque, na primeira manhã, resolvi fazer uma caminhada pela borda do rio Tejo, pois o dia estava lindo e ensolarado. Para minha surpresa, me defrontei com o incrível conjunto arquitetônico da EDP, ainda em construção. Fiquei fascinado com aqueles dois prédios e comecei imediatamente a fotografar. Esquecendo que tinha prometido a mim mesmo não pensar em trabalho nessa curta temporada. Voltei ali, nos nove dias em que lá fiquei, para fotografar os prédios em diferentes horários do dia, aproveitando as variações da luz”.

É com o resultado desta experiência, transformada em fazer que artista apresenta-se. São retas que se apresentam na vertical e horizontal formando um jogo de armar, em brancos e pretos ou suas variações e em algumas frestas surgem pequenas emanações luminosas em azul, sépias e tons avermelhados. Assim são conjuntos que se somam, subtraem, dividem-se e multiplicam. Permutações lógicas e de certo fascínio.

Ainda nas retas um denteado que quebra a frieza da composição. Um trabalho limpo, de grande apuro técnico, com certa rigidez matemática. Desta forma o geometrismo e a luz se adonam do campo plástico, estabelecendo vínculos com o construtivismo e suas vertentes. As atmosferas criadas nos dão o sentido da solidão contemporânea, do silêncio em repouso. O artista pinta o que lhe interessa e quando vê o tema esgotado, passa para outro assunto.

Hildebrando brinca com o nosso olhar abordando jogos de luz e sombra, formas e cores. Os trabalhos compostos pelo artista são obras de representação que possuem como base a fotografia. Não é uma fotografia tirada ao acaso, mas preparada para certas finalidades, que serve de ponto de partida para transfigurações. O que se vê é um resultado vindo do real, mas não é o real é pintura da mais alta qualidade.