O silêncio e a cor na obra de Adilson Santos, no Palacete das Artes

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  • Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A obra de Adilson Santos está em cartaz no Palacete das Artes (foto/divulgação) Adilson Santos se renova com a exposição Habitantes da Cidade, que está patente na Sala Contemporânea Mario Cravo Junior do Palacete das Artes, Graça, até 27 de janeiro de 2019. A curadoria é de Irene Santino e Mario Britto.

Uma mostra de grande fôlego, quando os 173 trabalhos expostos foram selecionados entre 245. As peças apresentadas são em têmpera sobre tela e sobre papel. Também se pode ler texto da curadoria, ainda de Rubio Rocha, Murilo Ribeiro e Guel Silveira.

Pode-se pensar em desenhos quando a têmpera se mostra em papel, pintura quando em telas. Mas, ainda outra leitura, de que tudo é pintura, com dois suportes diferentes. A técnica em Adilson Santos sempre foi uma obsessão, primoroso em seu fazer visual. Adilson Santos nasceu na cidade de Poções-Bahia, em 1944. Em 1969 transfere-se para o Rio de Janeiro onde alcançou grande sucesso de público e de crítica. Morou lá por 40 anos. Decidiu voltar as suas origens para buscar a fonte inspiradora e criativa no interior da Bahia, em Vitória da Conquista onde vive e trabalha.

Há em Habitantes da Cidade um majestoso silêncio, vindo de um longuíssimo processo de observação, que se derrama na matéria corante das peças. A quase totalidade das obras são abstratas, outras ficam entre a abstração e a figuração, quando surgem cabeças de ex-votos, dialogando com o fundo dos quadros. Mudou a cor, antes de atmosfera renascentista e agora um amplo aglomerado de cores. As fachadas de Adilson Santos variam entre as mais intuitivas e as mais configuradas. Nas intuitivas, portas e janelas se levantam em frontalidade, sem recorrer à perspectiva. São símbolos chapados, que se encontram e se revelam numa atmosfera de mistério. Na delicadeza das fachadas, por vezes, filetes de branco, separam cores, dando uma maior leveza à composição. Que símbolos são esses? São da carga atávica das lembranças da infância, das comunicações silenciosas que perpassa o inconsciente. Fachadas improváveis na vida real. As mais configuradas, são apropriações dos frontispícios das casinhas do interior, quando os pedreiros, os mestres de obras, criam seus recortes. Outra possibilidade é o acréscimo das cabeças dos ex-votos em primeiro plano, deixando as fachadas como fundo. Os ex-votos são tratados não como representação religiosa, mas como um signo que contém uma história a ser contada. Figuras de piões, em diversos ângulos de inclinação, tonteiam no campo plástico. Também triângulos de cores vivas se deslocam como adornos, entre retas e círculos.

Adilson Santos se renova, buscando novos caminhos, fugindo da comodidade do já experimentado com sucesso.