'O sonho dele era ser policial', diz tia de investigador morto durante ação no Lobato

Dois homens foram presos na operação; outros dois suspeitos morreram

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  • Milena Hildete

Publicado em 28 de abril de 2018 às 02:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Divulgação)

O investigador da Polícia Civil Rogério Lima Ribeiro, 46 anos, morto após ser baleado em confronto com suspeito de tráfico no bairro do Lobato, Subúrbio de Salvador, tinha o sonho de ser policial. Apesar de ter passado no concurso em 1997, ele só conseguiu entrar na corporação há seis anos, após ter entrado com várias liminares.

"Ribeiro, como era conhecido, tinha uma história muito bonita na polícia. Ele passou no concurso e lutou muito pra entrar. Lembro que ele foi lá no sindicato várias vezes", contou o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sindpoc), Marcos Maurício.

Ele afirmou que o policial tinha ido ao bairro apurar uma denúncia. "Ribeiro foi lá fazer a dirigência, porque tinha informações de que os moradores da área estavam sendo coagidos pelo pessoal do tráfico de drogas. Ele passou a investigar o caso na localidade e foi lá para identificar essas pessoas. Quando chegou, foi supreendido", declarou o presidente do sindicato.

A tia de Rogério, a aposentada Daíze Cerqueira, confirma a paixão do sobrinho pela polícia. "Chegaram a mandar ele para o Corpo de Bombeiros, mas ele não quis. Pra ser admitido, ele entrou com uma liminar. Eu cheguei a falar: 'Rogério, você escolheu a profissão do perigo'", lamentou ela.

O investigador estava em uma ação no bairro quando foi supreendido pelos suspeitos. Ele foi atingido com um tiro no tórax. A bala atravessou a lateral do colete à prova de balas usado pelo policial, na parte desprotegida, e atingiu o seu tórax. Na ação, dois suspeitos foram atingidos, mas morreram no Hospital do Subúbio. Já outros dois homens envolvidos na operação foram presos.

Batalhador Um dos traços da personalidade de Rogério era a determinação. De acordo com sua tia, ele começou a trabalhar cedo como office boy para ajudar o pai. Já adulto, ele começou a cursar geografia, mas depois mudou de curso e   ingressou na gradução de história. "Ele era muito batalhador, porque o início da vida dele não foi fácil. Rogério tinha o pai doente e perdeu a mãe muito cedo, então, meu sobrinho começou a lutar cedo. A gente não quer perder ninguém com doença, imagine perder desse jeito. Hoje é um dia muito triste", afirmou a tia. 

O investigador deixa um filha de 11 anos. Atualmente, ele morava em um apartamento novo com a mulher, no bairro de Sussuarana. "Ainda tinha me chamado pra ver a casa nova, mas não deu tempo", lamentou a aposentada. 

Pesar Para Maurício, o que aconteceu com Rogério é reflexo de um "caos na segurança pública". "Não há um compromisso do estado com a segurança pública, nem com a dos policiais. Estamos o tempo todo batendo na mesma tecla. É uma falta de respeito um policial sair pra resolver um problema da sociedade e acabar morto", lamentou ele.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) divulgou uma nota, lamentando a morte do policial: "É com extremo pesar que comunicamos a morte do policial civil Rogério Lima Ribeiro, durante uma operação na tarde desta sexta-feira (27). Toda a polícia baiana está de luto e se solidariza com a dor da família e dos amigos do investigador".

Neste ano, três policiais civis morreram na Bahia.

Relembre o caso O investigador morreu após ser baleado em confronto com suspeitos no bairro do Lobato, no Subúrbio da capital. O agente chegou a ser socorrido para o Hospital do Subúrbio, mas não resistiu ao ferimento. Rogério trabalhava na 3ª Delegacia de Homicídios (BTS), do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Dois dos suspeitos de atirarem no policial civil foram localizados por equipes da força-tarefa que investiga a morte de policiais. Eles reagiram à abordagem e foram atingidos, na localidade de Santa Luzia, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP). A dupla também chegou a ser socorrida para o Hospital do Subúrbio, mas não resistiu.

Às 18h30, o corpo do investigador havia sido transferido para o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), nos Barris. Não foi divulgada informação sobre o enterro.

* Com supervisão do editor João Gabriel Galdea