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Da Redação
Publicado em 25 de janeiro de 2022 às 12:18
- Atualizado há um ano
Os dados econômicos nacionais nos dão, cada vez mais, a percepção de que a Bahia vem diminuindo de tamanho e perdendo protagonismo, ao invés de avançar nos caminhos do desenvolvimento socioeconômico.
Vejamos alguns indicadores: dos 200 maiores grupos econômicos nacionais nenhum tem sede na Bahia! Na área do varejo e consumo temos somente sete empresas entre as 300 maiores do país, sendo quatro supermercados – a primeira na 57ª posição; no ranking de competitividade dos estados (CLP/Tendências) a Bahia aparece apenas no 20º lugar; caímos do sexto para o sétimo lugar no PIB dos Estados.
No MATOPIBA, última fronteira agrícola do país – que começamos a desenvolver em 1980 – hoje já somos apenas 40%. Faltam infraestruturas de estradas e energia, segurança jurídica (vide a vergonhosa trapalhada em que se meteu o Tribunal de Justiça) e regularização ambiental, para que possamos duplicar a nossa produção.
Como consequência da saída da Ford – que representava 5% da indústria local – o PIB industrial da Bahia caiu 10% em 2021. Neste ano os melhores resultados da nossa indústria ficaram com os setores calçadista e de alimentação, ambos de pouco efeito multiplicador.
De boas notícias apenas o contínuo avanço na geração de energias renováveis – eólica e solar; a perspectiva de melhoria da infraestrutura ferroviária; o início de desenvolvimento do polo agroindustrial e energético do médio São Francisco; a expansão e modernização do setor de saúde; e os desinvestimentos da Petrobrás.
O arrendamento da unidade da antiga FAFEN em Camaçari, hoje Unigel Agro, já caminha para ser a primeira produtora de hidrogênio verde do país, com investimento da ordem de R$1,4 bilhão.
O ano termina com a Petrobras tendo finalizado a venda da totalidade de sua presença em campos terrestres de exploração e produção na Bahia. Desinteressantes e onerosos para a mega e cara estrutura da petroleira estatal, esses campos maduros constituem oportunidade para empresas de menor porte (não confundir com pequenas), que daí tirarão mais óleo e gás, assegurando maior integração com a economia baiana.
A esse respeito, aliás, a Acelen – nova proprietária da refinaria de Mataripe – ainda não veio a público apresentar a sua política empresarial (vide ESG) em relação à Bahia e ao Nordeste. Tratando-se da maior unidade industrial do Estado, é preciso explicitar a sua proposta de articulação com a economia local. Neste sentido, não soa bem, por exemplo, o fato dos seus escritórios estarem integralmente em São Paulo, nem a suspensão de fornecimento de bunker para o abastecimento de navios, em plena capital da Amazonia Azul.
No setor ferroviário, além da concessão do primeiro trecho da FIOL (Ilhéus-Caetité), com base no novo regime de autorização já foram anunciados o ramal Abaíra-Brumado – também para minérios – e a volta da antiga Bahia-Minas, com foco no porto de Caravelas e ramais para Teixeira de Freitas e Mucuri, no Extremo Sul. Mas persiste, decisiva, a imperiosa necessidade de investimentos – especialmente a variante do Paraguaçu – no caso da renovação antecipada do Corredor Minas-Bahia, na malha concedida à FCA.
Neste processo de esvaziamento do Estado, os estudos territoriais do IBGE mostram que o Extremo Sul – que passara por processo de integração – volta a estar mais vinculado a Vitória (ES) e Rio de Janeiro do que a Salvador; Juazeiro, agora funcionalmente subordinado a Petrolina (PE) está, por consequência, vinculado a Recife; e o Oeste prenunciando cada vez maior articulação – via Ferrovia Norte-Sul – com a logística do porto de Itaqui (MA), com a FIOL indo para Figueirópolis.
Em termos relativos, a Bahia está diminuindo de tamanho e perdendo importância na federação – econômica, territorial e politicamente; crescente só a crise social.*Waldeck Ornélas é especialista em planejamento urbano-regional, autor de Cidades e Municípios: gestão e planejamento.