O VAR está tirando o sono de atletas, dirigentes e torcedores brasileiros

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  • Miro Palma

Publicado em 26 de abril de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O Campeonato Brasileiro começa amanhã e a ansiedade já está batendo na porta. Os clubes preparam os últimos ajustes antes da estreia em campo. Treinos, mudanças táticas, novas contratações, tudo isso faz parte da realidade pré-Brasileirão. Mas, se tem uma coisa que está tirando o sono de atletas, dirigentes e torcedores brasileiros é o VAR. Pela primeira vez, o árbitro de vídeo vai estar presente em todos os jogos da Série A. Até aí, tudo bem, não fosse o retrospecto pouco promissor da utilização do VAR por aqui.

A tecnologia começou a ser usada em campos tupiniquins em 2017, mas só no ano seguinte integrou uma competição nacional, a Copa do Brasil. De lá pra cá, o recurso colecionou críticas e questionamentos devido a decisões equivocadas, erros graves e uma quantidade absurda de tempo perdido. Uma lástima.

Pra começo de conversa, eu sou completamente a favor do VAR. A tecnologia pode e deve ser utilizada no esporte para contribuir com o seu desenvolvimento. Dito isso, mesmo com as duras críticas que tenho à forma como ele vem sendo utilizado no Brasil, acredito que a sua implementação trouxe avanços ao futebol nacional.

No entanto, não foi melhor porque esbarrou em problemas muito recorrentes no nosso futebol: a falta de capacitação e a pressão. Não se sabe muito bem o porquê, mas ainda é muito difícil para a CBF manter um sistema de formação e capacitação de arbitragem eficaz. Com isso, o que vemos são profissionais que chegam às principais ligas do país sem preparação suficiente. Então, é óbvio que o resultado não seria diferente quando se adiciona uma nova função à dinâmica da atividade.

A falta de preparação leva à insegurança. Quantas vezes já vimos juízes cederem aos gritos de jogadores, técnicos ou da torcida? Muitas. E é neste cenário que o VAR adentrou, adicionando uma dose extra de pressão aos já constantemente intimidados árbitros. Basta um lance mais tenso para os jogadores se juntarem ao redor do juiz exigindo o uso da tecnologia e técnicos e torcedores gesticularem o famoso quadrado com as mãos. A decisão já não é mais aceita de imediato sem a comprovação das imagens. E os árbitros brasileiros, em sua maioria, sucumbem à pressão.

E o fazem porque, agora, eles não têm a desculpa de errar. Não tem mais o “mal posicionado”, ou “sem ângulo de visão”, agora ele tem olhos nos quatro cantos do campo. Um árbitro capacitado tem segurança em suas decisões, pois elas são baseadas na melhor interpretação das regras do jogo. O VAR em suas mãos é uma ferramenta para lhe auxiliar em campo. Já um profissional com deficiências em sua formação, carrega o peso de uma fala iminente e, consequentemente, usa o vídeo como muleta para tirar esse peso das costas. E aí vale ver e rever um lance por dois, três, cinco minutos. O importante é tirar a responsabilidade de sua própria interpretação.

Enquanto essas questões não forem resolvidas, não adianta homologar 20 estádios para receber a tecnologia, muito menos ser o primeiro país da América Latina com a utilização do recurso ou o país com mais jogos no mundo com o VAR. Se o árbitro de vídeo não for explorado da melhor maneira possível, o futebol brasileiro vai continuar atrasado.  

Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras