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Publicado em 22 de fevereiro de 2018 às 05:00
- Atualizado há um ano
Alguém tem dúvida de que o zagueiro Bruno chutou a bola para longe com a intenção de ser expulso e abandonar o Ba-Vi aos 34 minutos do segundo tempo? Se não há como negar, as conclusões são: 1) a atitude foi de uma completa falta de espírito esportivo e, sim, vergonhosa; 2) o que se vê ao redor chama-se falência moral.
Após o erro do jogador, e neste texto não vem ao caso se Bruno Bispo fez por vontade própria ou a mando de alguém, o comportamento da diretoria do Vitória, desde domingo, é de jogar pra torcida.
Jogou inclusive a razão no lixo para ser populista, amparada pelo que aconteceu nas arquibancadas do Barradão: o time saiu aplaudido de campo, ovacionado pela multidão ensandecida que viu na postura rubro-negra uma atitude de quem não permite que um visitante mande em sua casa. Diante da carência de princípios que vivemos, o comportamento da massa não surpreende.
Surpreende o de Bryan, Ramon, Neilton, implorando ao árbitro a expulsão de um jogador do próprio time e satisfeitos quando enfim subiu o cartão vermelho. Se nossa base moral fosse sólida, eles se envergonhariam, pois o que ficou para a história é que o Ba-Vi acabou antes da hora porque o Vitória, deliberadamente, abandonou o jogo em andamento.
A diretoria, ao invés de reconhecer o erro principal, transferiu o foco e a responsabilidade. “O culpado foi Vinícius”, apontaram os dirigentes e o treinador na entrevista coletiva. Como se a comemoração provocativa ou a briga tivesse causado o fim antecipado do clássico, o que não é verdade, pois a bola rolou novamente, e normalmente, até o episódio com Bruno acontecer. O Vitória briga com os fatos.
Mas a entrevista foi dada logo após a partida e, de cabeça quente, é normal falar besteira. É preciso dar um desconto.
Pois o que aconteceu na segunda-feira, com todos já de banho tomado e após uma noite bem ou mal dormida? Mais do mesmo.
A confusão ganhou novo personagem central: Vagner Mancini. Um especialista em leitura labial consultado pela TV Bahia garante que o técnico passou o seguinte recado ao zagueiro Ramon: “Pede ao Bruno, pode tomar o segundo amarelo”.
Não é suficiente. Nas redes sociais, pessoas negociam seus princípios para defender seu time. E logo surgiram imagens mostrando que o especialista Ronaldo Freitas, que trabalha na Associação de Pais e Amigos de Deficientes Auditivos, é torcedor do Bahia; logo, não é confiável para ler uma frase de oito palavras.
Vale a máxima: na falta de argumentos, desqualifique o interlocutor. E aí entra a mania de perseguição, o vitimismo fora de hora e de tom. É culpa da imprensa, óbvio.
“Ah, mas isso é torcedor, é passional”, há quem diga. E assim vamos naturalizando a irracionalidade. É tanta que o presidente do Vitória, Ricardo David, aderiu e desqualificou o profissional, como se o clubista cego da história fosse o especialista. Mais uma vez, jogando para a torcida.
O clube, institucionalmente, faz campanha com a hashtag #FechadoComOECV, criada no Twitter por um perfil fake. Marketing em cima de um papelão. Será que #SomosTodosIrracionais e não conseguimos, em um caso tão claro, enxergar que o Vitória errou? Perdemos os princípios para não perder o jogo? Ou nosso time está certo mesmo quando erra?
Herbem Gramacho escreve às quintas-feiras.