O Vitória quer reconquistar seu torcedor; já era hora de reaproximação

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Publicado em 8 de novembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O Vitória anunciou que o ingresso no Barradão custará R$ 10 até o fim do Campeonato Brasileiro. É uma tentativa de se reaproximar de quem o clube se afastou. A promoção é remédio para tentar curar uma doença que não vem de hoje, embora o presidente Ricardo David e sua diretoria não estejam isentos de responsabilidade. O torcedor rubro-negro se mostra cansado e desmotivado. 

A “consumição” vem, pelo menos, desde o ano passado, quando as contratações badaladas do início da gestão Ivã de Almeida se mostraram desastrosas, tanto no viés técnico quanto no financeiro. Ali, a esperança virou aflição. E o coração rubro-negro continua aflito até hoje.

Lembra do #FechadoComOECV? A campanha de marketing fez sucesso nas redes sociais enquanto durou o furor em torno do primeiro Ba-Vi deste ano, que teve briga generalizada e W.O. Foi uma situação específica, em que a raiva do rival alimentou o orgulho de quem se sentia ferido. Só que os dias passaram, o embate com o Bahia saiu de cena e o Vitória teve que lidar consigo mesmo. Fica a pergunta: o que o clube fez para manter seu torcedor fechado com ele de fevereiro para cá? Estamos em novembro.

A chama da paixão precisa ser alimentada, pois quem dá amor exige reciprocidade. O Vitória está no terceiro ano seguido brigando contra o rebaixamento. Em 2016, escapou na última rodada. Em 2017, no último minuto. Em 2018, o “tri” soa como melhor das hipóteses. É cruel, mas é verdade também que este ano o torcedor não teve nem direito a ilusão.

O rubro-negro tem dado sinais de desalento ao esvaziar as arquibancadas do Barradão. A média de público do Leão é a quarta pior da Série A, com 8.793 torcedores por partida em casa. Por sinal, o Z4 no quesito média de público acompanha a zona de rebaixamento em campo: Chapecoense (8.180), Paraná (5.612) e América-MG (5.159) são os outros times que menos enchem seus estádios.

Causa ou consequência? O Vitória está mal porque a torcida não vai ou a torcida não vai porque o Vitória está mal? No caso do Leão baiano, fico com a segunda hipótese. Diferentemente dos outros três times da zona, cuja torcida é realmente pequena na comparação dos 20 clubes da Série A, o rubro-negro tem suficiente para levar uma frequência maior ao Barradão. 

Para ficar no parâmetro regional, a média do Ceará como mandante é de 24.128 pagantes, quase três vezes mais que a do Leão e sexta maior da Série A; a do Bahia, 19.065, mais que o dobro e oitava maior; e a do Sport, 11.106 (14ª). Em campo, a realidade dos quatro nordestinos é similar: passaram grande parte do campeonato brigando intensamente para não cair – o Bahia só respirou ao ganhar da Chapecoense, domingo passado. 

Explicar presença ou ausência de torcida no estádio através de um único fator seria muita pretensão e não é o objetivo. Mas não resta dúvida que o futebol apresentado pelo Vitória, nos últimos dois anos, destoa do que seu torcedor admite ver. Aconteça o que acontecer no fim deste Brasileirão, em 2019 é melhor prevenir do que remediar. E domingo, um Ba-Vi em que, junto com o risco de perder para o rival, está também a oportunidade do Leão se reinventar e, com consistência, conseguir atrair o torcedor para perto novamente.

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.