O Vitória vai trocar de presidente todo ano?

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Publicado em 29 de novembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Bastou o Vitória afundar rumo à Série B para a disputa política voltar com força no clube, embora não seja época de eleição. A oposição, que aglutinou quase todos os ex-presidentes rubro-negros dos últimos 30 anos - Alexi Portela Júnior, Paulo Carneiro, Ademar Lemos e Raimundo Viana - sugere convocar os sócios e conselheiros em assembleia geral para que decidam o rumo do Leão. Enxergam a possibilidade de destituir Ricardo David.

A disputa “político-partidária” é parte do jogo democrático, recente na história do Leão. E é salutar que correntes com diferentes pensamentos debatam, articulem, recorram ao estatuto para tentar fazer as mudanças que julguem pertinentes. Mas não é salutar para o Vitória o caos institucional que se alimenta a cada derrota. Vai trocar o presidente em todo ano que o time for mal?

É este o pano de fundo perigoso que começa a ganhar corpo. Carlos Falcão renunciou em março de 2015 - um ano após ter iniciado o mandato - após uma eliminação vergonhosa para o Colo-Colo nas quartas de final do Campeonato Baiano. Entrou Raimundo Viana, que conseguiu o acesso no final daquele ano, foi campeão baiano em 2016 e terminou a temporada escapando do rebaixamento por um triz. Resultado: a chapa do Conselho Deliberativo que o apoiava ficou em quarto e último lugar na eleição presidencial – que na época era indireta.

Em 2017, começa com Ivã de Almeida no cargo, do qual sai de licença em julho e não voltou mais. O Vitória até tinha sido campeão baiano em maio, porém pesaram mais a eliminação para o Bahia na semifinal da Copa do Nordeste e a vice-lanterna do Brasileirão, além daquela trapalhada em torno da contratação de Petkovic para uma função a cada semana.

Cenário mais pitoresco não houve: o vice-presidente Agenor Gordilho, que havia se afastado do clube por incompatibilidade com Ivã, assumiu a presidência. E levou até dezembro, quando Ricardo David foi eleito.

O Vitória teve quatro presidentes eleitos e um vice tampão nos últimos cinco anos, desde dezembro de 2013 até hoje. E evoluiu em que nesse período? Para ficar só no futebol, já que é o assunto que tem norteado as sucessivas trocas na presidência, os únicos títulos foram os campeonatos Baianos de 2016 e 2017, de cinco disputados. Na Copa do Nordeste, não chegou a nenhuma final no período e só alcançou a semifinal duas vezes (2015 contra o Ceará e 2017 contra o Bahia). No Campeonato Brasileiro, se firmou como um time da parte de baixo da tabela: dois rebaixamentos, um acesso e duas vezes 16º lugar.

O Vitória está se habituando a viver em caos institucional. É preciso distinguir o momento de fazer campanha e o momento de administrar para que, seja quem for o dirigente no cargo, ele tenha a possibilidade de construir uma linha e avançar não só no futebol, mas em assuntos administrativos-financeiros. Este sim, é o principal papel do presidente e o caminho para voltar a crescer. Um clube bem administrado, com crescimento orçamentário e metas a cumprir, caminhará para uma melhora do time em campo. Obviamente, a formação da equipe de trabalho é parte das atribuições de Ricardo David, e isso inclui o departamento de futebol. Nesse ponto, a gestão dele deixa muito a desejar.

*Herbem Gramacho é editor do Esporte e escreve às quintas-feiras