Olimpíada de Robótica reúne 300 estudantes na Fonte Nova

Evento conta com participação de alunos de escolas de 21 municípios da Bahia

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  • Gil Santos

Publicado em 8 de setembro de 2018 às 16:03

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Cerca de 300 estudantes participam da Etapa Bahia da Olimpíada de Robótica (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Uma disputa acirrada está deixando a Arena Fonte Nova agitada neste sábado (8). Na competição tem juiz e torcida de camisa, mas não é futebol. A Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) Etapa Bahia 2018 está fazendo cerca de 300 estudantes suarem a camisa na produção de tecnologia.

O vai e vem nas escadarias da entrada principal da Arena já denuncia que há algo incomum acontecendo no espaço. Lá dentro, encontramos Cauã Henrique Santos, um estudante de 15 anos que enfrentou nove horas na estrada, sacolejando dento de um ônibus com mais 11 colegas e dois professores, só para participar da competição.

Estudante do Sesi de Vitória da Conquista, no Centro-Sul da Bahia, ele tinha até torcida. Na prática, os robôs têm que realizar o salvamento de vítimas em uma casa onde houve um acidente, com obstáculos e desafios no caminho. Se o equipamento bater, tombar, sair da rota ou cometer qualquer outra infração, o candidato é penalizado. Cauã Henrique enfrentou nove horas de viagem de Vitória da Conquista até Salvador (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) O robô que Cauã levou para a disputa foi desenvolvido em equipe com outros três colegas e ficou pronto há algumas semanas. “Ele tem dois motores e alguns sensores. Nós fizemos vários testes depois que ele ficou pronto, mas a arena que usamos tinha uma passagem maior. Aqui, ele enganchou no final da rampa porque o portal era mais baixo”, contou.

Na arena ao lado, a aluna do 3º ano do Colégio Fortunato Stephany Moreira, 17, coçou a cabeça diversas vezes, mas no final o resultado foi positivo. Ela contou que fez o robô com outros quatro colegas e que foram quatro meses até o Babombi, como batizou o equipamento, ficar pronto.

“A experiência foi muito boa e adorei participar da OBR. Eu já pensava em seguir carreira na área de tecnologia e essa oportunidade ajudou a confirmar minha escolha. Pena que eu só poderei participar esse ano, mas fica a dica para quem ainda tem tempo”, disse.

A OBR acontece todos os anos. Na competição estadual são selecionadas duas equipes para a disputa nacional, que este ano será realizada em João Pessoa (PB), em novembro. Nesse evento será escolhido o representante para a competição internacional. O local e a data ainda não foram definidos. Stephany Moreira levou quatro meses para deixar o robô pronto, junto com colegas (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Pública e privada Os organizadores disseram que o desempenho entre as escolas públicas e privadas são similares. O exemplo disso é uma escola municipal de Recife (PE) que foi vencedora da categoria nacional por dois anos consecutivos. A competição precisa ser realizada em equipes. Este ano, foram cerca de 100 grupos na Bahia.

Enquanto estudantes e robôs se movimentavam de um lado para o outro na Arena Fonte Nova, os alunos da Escola Municipal Gabriel José Pereira, de Eunápolis, no Sul do estado, observavam em silêncio a movimentação da feira.

Essa foi a primeira vez que os pequenos participaram de um evento de tecnologia e contaram que foi um professor quem os incentivou. “Estou gostando bastante. Essa foi a primeira vez que eu montei um robô. O nosso tem pilha, motor, sensor e borracha. Foi bem legal”, contou a estudante do 4º ano, Maiara Carvalho, 10 anos. Maiara e Ingrid vieram de Eunápolis, no Sul da Bahia, para participar do evento (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) A colega dela, Ingrid Rebeca dos Santos, 12, teve complicações com o robô dela. “O conector estava com problemas, mas depois que eu troquei, resolveu”, disse. O colega de escola Henrique Abrão Ferreira, 13, não largou o equipamento mesmo depois da prova. “Estou adorando isso aqui”, disse.

O evento foi organizado pelo Sesi Bahia e reuniu equipes de 21 municípios do estado: Salvador, Simões Filho, Camaçari, Feira de Santana, Santo Amaro, Cachoeira, Cruz das Almas, Jacobina, Irecê, Senhor do Bonfim, Barreiras, Caetité, Jequié, Vitória da Conquista, Ilhéus, Itabuna, Eunápolis, Bom Jesus da Lapa, Luís Eduardo Magalhães, Porto Seguro e Saubara.

Segundo o coordenador de Robótica do Sesi, Fernando Didier, o evento deste ano bateu recorde de inscrições. No total, foram 190 equipes inscritas e 100 participantes. Em 2017, foram 120 inscrições e 90 participantes.

“É uma oportunidade de os alunos trabalharem o conhecimento científico e de aproximar esse conteúdo dos estudantes. A competição é dividida em dois níveis – um para ensino fundamental e outro para ensino médio e técnico, com graus de dificuldade diferente. Os mais bem colocados vão competir no nacional”, afirmou.

Os vencedores são escolhidos por uma equipe de 60 jurados, todos voluntários, como o estudante de Engenharia Elétrica da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Elias Lopes, 23. Com uma prancheta nas mãos, ele não deixava passar um detalhe.

“Esse é meu terceiro ano no evento. O que impressiona é ver eles trabalharem diversos conceitos como logística, massa para calcular o peso dos robôs, velocidade, desigualdade para calcular a distância, inequação, enfim. São muitos conteúdos colocados em prática”, afirmou. Gabriela Gonçalves tem apenas 4 anos e já se divertia com os robôs (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Inscrição A coordenadora nacional da OBR Modalidade Prática, Daniela Ortiz, contou que as inscrições são abertas no início de cada ano e seguem até maio. “A OBR existe há dez anos. Temos a fase teórica e a prática. No início de todos os anos são lançadas as regras novas. Para isso tem que acessar o site da OBR e fazer a inscrição. Os estudantes têm de 6 a 19 anos”, disse.

Podem participar da competição escolas públicas e privadas e os robôs podem ser construídos com os mais diversos materiais, como sucata, por exemplo. “O objetivo é que essas crianças tenham a vivência com ciência e tecnologia e possam seguir carreiras relacionadas a essas áreas. Eles também colocam em prática conteúdos que aprenderam na sala de aula ou aprendem novos conteúdos para construção dos robôs”, afirmou Ortiz.

Este ano estão previstos, além das medalhas para as melhores equipes, prêmios para os robôs com a melhor programação, o melhor design, e para a equipe que mais de dedicou e ajudou outros grupos, o de inovação para quem trouxe algo de mais diferentes, melhor escola pública e melhor escola privada. Todos recebem medalha. Etapa da Bahia reuniu estudantes de 21 municípios do estado (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)  Mais Torneio Em novembro, a Arena Fonte Nova recebe outra competição de robótica. É o Torneio SESI de Robótica First® LEGO® League. As inscrições foram prorrogadas até o dia 30 de setembro. Na ocasião, vai acontecer a seletiva das equipes do Norte e Nordeste para a competição nacional. Os vencedores brasileiros vão para a compétição mundical. As incrições podem ser feitas no Portal da Indústria.