Olodum comemora 40 anos falando do perfume das rosas e do Sultão Saladino

O tema da comemoração foi decidido pelo presidente em reunião com o conselho

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  • Kalven Figueiredo

Publicado em 5 de março de 2019 às 17:36

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Em seus 40 anos de existência, o Bloco Olodum preparou uma comemoração toda especial, sob a temática: As Duas Histórias: O Perfume das Rosas – Olodum 40 Anos. Na Avenida o trio era acompanhado pela Banda Peso (banda secundária) do Olodum que há pelo menos 5 anos não saía na terça-feira de Carnaval, além dos cantores e da banda que embalava a multidão de fãs e apreciadores de cima do trio. Neste ano a tradicional saída do bloco, que sempre faz questão de preparar algo especial para seus foliões, apostou em duas histórias que se entrelaçam pelo perfume das rosas. A primeira resgata a figura do sultão Saladino e a outra celebra os 40 anos do Bloco que é considerado a rosa do Pelourinho. 

“O sultão Saladino foi um grande líder dos muçulmanos que libertou Jerusalém dos Cruzados. Ao contrário dos cruzados, Saladino foi muito generoso com seus inimigos, ao ponto de não matá-los após derrotá-los em batalha. E é este Saladino que queremos trazer nestes 40 anos”, explica o vice Presidente do bloco Marcelo Gentil.

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Ele ainda fez questão de deixar claro que o desfile no circuito Osmar desta terça-feira (5) Não era bloco e nem pipoca: “É um Olodum para todos, democrático para quem pode e para quem não tem condições de se fantasiar. É o Olodum acessível para que todos possam se deliciar dessa banda e da ala de cantores maravilhosos que temos. Por isso estamos comemorando esses 40 anos, brindando a Bahia e as pessoas que estão no Carnaval de Salvador com nossa energia e cultura”.

Com 40 anos de estrada, muita música e sucesso, o bloco já fez história no Carnaval de Salvador que teve seus sons e ritmos reconhecidos em todos os continentes. A tão famosa banda do bloco, no entanto é um pouco mais jovem e só surge em 1988, totalizando 31 anos de existência.  Fruto da iniciativa que surge no Pelourinho, como um projeto de um grupo de amigos para proporcionar aos moradores da região um carnaval local com bloco mais organizado, tomou proporções que os criadores jamais imaginaram que teriam.  “Eu me sinto realizada e com a sensação de dever cumprido. Ter a consciência que é possível transformar a sociedade através da música, formando cidadãos e mudando histórias de vida é maravilhosos. Principalmente porque estamos falando de um bloco que nasceu no Pelourinho, fruto de uma cultura marginalizada e que transcende a todos os continentes”,  pontua Cristina Rodrigues, uma das fundadoras do bloco.  Cristina, inclusive, sempre deu um jeito de estar presente na história do Bloco: ela já foi associada, presidente por 6 anos e atualmente atua como conselheira. 

Entre os músicos o clima era de festa. Na concentração, eles se refrescavam com uma cervejinha aqui e puxavam uma resenha ali, comprovando que o clima de grande família apontado por todos os entrevistados é real. “Olodum não se explica, Olodum se sente. É um ritmo universal que é sentido no coração. É como dar o primeiro beijo naquela ‘nega’ quando você tá com muita vontade. É único” , compara o músico Luciano Augusto, que integra a banda há 29 anos. 

Quem também acompanha a história do Olodum há algumas décadas são os fãs que fazem questão de acompanhar o bloco em todos os Carnavais. A vendedora Sicleide Neri, 47, é fã da banda há pelo menos 25 anos e todo ano faz questão de sair do município de Castro Alves, no interior da Bahia, para a capital. O motivo não poderia ser diferente de curtir a vibração e som de sua banda favorita. “Hoje eu tinha que estar trabalhando, vendendo minhas cervejinha lá em Itaparica, mas fugi e vim pra cá ver meu Olodum”, conta.  Foto: Kelven Figueiredo Quem também não mede esforços para acompanhar a banda é Adson Diego, 28, que acompanha o Olodum desde que tinha 8. A paixão foi quase que instantânea, já que ele conta que ninguém de sua família gostava, e também não se lembra de ninguém ter apresentado o trabalho do Olodum para ele. “Eu escutei alguém ouvindo na rua e desde então acompanho a banda”. Ele que fez um desenho especial na barba com a marca da banda ainda conta que todo carnaval faz questão de levar seu chapéu de palha no Pelô, para pintá-lo e deixar tudo ‘na pegada’ para a festa.

Atendendo às expectativas dos fãs, a banda trouxe de volta o ex-vocalista Lucas Di Fiori, que não integrava a banda há pelo mesmo 7 anos. "A gente sai, mas não sai. Tudo que eu aprendi no Olodum de graça, eu passo a diante de graça em um projeto musical que desenvolvo com crianças em Pernambués. Tudo que eu sei sobre música e cultura, eu aprendi nessa casa. Então pra mim estar aqui neste dia é mágico", avalia.