Onde investir? Confira o comportamento das cinco principais aplicações em 2019

O CORREIO ouviu especialistas e levantou as melhores opções de investimentos disponíveis no mercado financeiro

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  • Priscila Natividade

Publicado em 31 de dezembro de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: EBC

Muito se fala em investir, guardar dinheiro, sair da poupança e buscar uma aplicação que possa garantir uma rentabilidade maior. E o 13º e o 1/de férias na conta são boas oportunidades para construir - ou pelo menos iniciar a construção - de uma reserva financeira. Mas a dúvida é, onde colocar estes recursos? 

Especialistas e consultores de investimentos podem ajudá-lo nisso. O CORREIO reuniu as projeções para o ano que vem, das cinco principais aplicações disponíveis no mercado - os CDBs, Títulos do Tesouro Direto, Ações, Letras de Crédito (LCI/ LCA) e os Fundos de Investimento. 

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Entre todos estes, com aportes a partir de R$ 30, o Tesouro Direto é o mais parecido com a poupança comum, mas com uma remuneração bem maior. Aí temos aquele investimento para quem tem um perfil mais conservador, que quer saber exatamente quanto vai conseguir de remuneração. 

O fundador do portal Konkero e especialista em finanças pessoais Guilherme de Almeida Prado explica as principais vantagens: “O Tesouro Direto é uma opção interessante para qualquer tipo de investidor, em especial os que buscam uma aplicação de baixo risco”. 

Aqueles que querem começar a se aventurar um pouco mais podem partir para as Letras de Crédito, como destaca a consultora de Investimentos da Órama, Sandra Blanco. “Para os moderados e mais arrojados, é uma opção para diversificar a parcela destinada ao colchão de segurança”, afirma. 

Saltos maiores

Agora se o investidor possui uma reserva, mas pensa em arriscar ainda mais uma parte deste dinheiro, as ações e os fundos de ações são opções. “É necessário conhecer os potenciais de risco e dimensionar esta parcela sem que ela comprometa sua saúde financeira. Planeje uma parcela do seu patrimônio para alocação sem comprometer sua vida financeira”, aconselha o diretor de gestão da Mapfre, Carlos Eduardo Eichhorn.

Outro ponto que o investidor precisa ficar atento é o comportamento das taxas de juros e da inflação. É o que alerta o diretor comercial da Easynvest, Fábio Macedo. “O mercado financeiro vive um momento de expectativa positiva para o próximo ano. Possivelmente, veremos um reaquecimento e aumento na demanda por ativos mais propícios ao risco e, assim, com maior rentabilidade. Porém, quem busca uma maior segurança não deve deixar de acompanhar as taxas de juros e da inflação. Devem surgir muitas oportunidades em ativos de renda fixa”. 

Independente da aplicação, todos os especialistas concordam que vai ser preciso ficar de olho no comportamento da economia no ano que vem, sobretudo, por conta da mudança de governo. É o que reforça analista- chefe da Toro Investimentos, Rafael Panonko. “O início de um governo com pautas mais liberais e reformistas, deixando de lado o modelo desenvolvimentista - com maior participação do Estado na economia -  é visto com bons olhos pelo mercado financeiro”, pontua. 

CDB

Por Fabio Macedo, diretor comercial da Easynvest 'No ano que vem devem surgir muitas oportunidades neste ativo', destaca Fabio Macedo (Foto: Divulgação) Taxas em alta O mercado começou o ano com muita incerteza em relação ao cenário político e econômico. Por isso, o primeiro semestre foi marcado por muitas oportunidades boas, principalmente em prefixados, que registraram aumento na demanda nesse período. No segundo semestre, muitas instituições começaram a se preparar para uma possível melhora em 2019, com alguns títulos oferecendo taxas mais atrativas pra que o banco possa captar mais recursos. 

Projeção para 2019  Na avaliação do diretor comercial da Easynvest, Fabio Macedo, em um cenário de reaquecimento da economia, mais títulos devem ser criados no próximo ano.  “Neste caso, os papéis pós-fixados podem ser ótimas opções, com previsão de que se mantenha nos patamares elevados atuais ou até mesmo aumentem”, analisa. 

Como investir   É possível começar a investir com R$ 1 mil. A rentabilidade vai depender do tipo de CDB  e do prazo de resgate também. Existem CDBs com liquidez diária ou de até 7 ou 10 anos. Vale reforçar que, quanto mais longo prazo, melhor o retorno para o investidor. Existem pós-fixados, por exemplo, que chegam a 130% do CDI.

Dica do especialista  Segundo Macedo, em 2019, o investidor deve ficar de olho, principalmente, em taxas de juros e inflação. “No ano que vem, devem surgir muitas oportunidades neste ativo”. 

TESOURO DIRETO

Por Guilherme Almeida de Prado, fundador do  Konkero 'Se as reformas não forem feitas, os juros devem subir', analisa Guilherme Almeida Prado (Foto: Divulgação) Ritmo crescente O volume de investimento nesse ativo cresce ano a ano. Com base nos dados divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional, de setembro de 2017 a setembro de 2018, o crescimento no número de aplicações cresceu 8,36%. Em 2010, eram R$ 4,6 bilhões aplicados no Tesouro Direto.  Em setembro deste ano, o montante era mais de 10 vezes maior: R$ 51,6 bilhões.

Projeção para 2019  Segundo o fundador do portal Konkero e especialista em finanças pessoais, Guilherme de Almeida Pardo, tudo vai depender das reformas. “Se as reformas não forem feitas a taxa de juros deve subir. Se, ao contrário, forem feitas reformas num período rápido, é possível que os juros caiam mais”.

Como investir  É possível investir a partir de R$ 30. O investidor precisa estar cadastrado em uma corretora ou banco que permita aplicação no Tesouro Direto. O ideal é procurar instituições que não cobrem taxas de aplicação ou manutenção.

Dica do especialista  A recomendação  de Prado é que o investidor mais conservador aplique no Tesouro Selic: “ele vai acompanhar as movimentações da taxa de juros. Quem nunca investiu no Tesouro Direto deve começar investindo pelo Selic. Isso porque nas outras duas modalidades – se o investidor optar por resgatar antes do vencimento –, ele pode resgatar menos do que aplicou”, aconselha.

AÇÕES

Por Carlos Eduardo Eichhorn, diretor de gestão da Mapfre 'Teremos um momento de valorização de ativos e melhores perspectivas', destaca Carlos Eduardo Eichhorn (Foto: Divulgação) Bom desempenho  O mercado de ações apresentou um bom desempenho em 2018 com o índice BOVESPA alcançando retorno de 15,85% (até a data de 16 de novembro) acumulado no ano. As ações são investimentos de risco voltadas para investidores que constituíram uma reserva financeira em ativos mais conservadores, como renda fixa, e desejam, por exemplo, alocar parte deste valor para a renda variável.

Projeção para 2019  A análise do diretor de gestão da Mapfre Investimentos, Carlos Eduardo Eichhorn, é favorável. “Após alguns anos de crescimento econômico muito baixo, se a economia brasileira alcançar um crescimento acima de 2,5% ou 3% do PIB ao longo de 2019, alguns setores com melhoras em faturamento e lucratividade podem atrair mais investidores para o segmento de renda variável”, analisa.  

Como investir  Em fundos de investimentos em ações o valor mínimo inicial de investimentos é de R$ 5 mil. 

Dica do especialista  As ações são as aplicações mais sensíveis às crises, como destaca Eichhorn: “O principal foco será na implementação da agenda de reformas com o objetivo de estabilizar as contas públicas e melhorar o ambiente de negócios. Se este ponto se confirmar, teremos um momento de valorização dos ativos e melhores perspectivas, caso contrário teremos aumento da volatilidade”. 

LCI E LCA

Por Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama 'Poderemos ver mais expansões de crédito em 2019', afirma Sandra Blanco (Foto: Divulgação) Variação  Com base nos dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), as emissões de LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) cresceram em relação ao volume registrado no final de 2017 (R$113 bi contra R$ 109 bi), mas as de LCI (Letras de Crédito Imobiliário) reduziram (R$ 92,6 bi comparado a  R$ 151 bi) porque o mercado de crédito imobiliário foi mais fraco em razão da conjuntura econômica. 

Projeção para 2019  Tudo depende de um melhor crescimento econômico. É o que pontua a consultora de investimentos da Órama, Sandra Blanco. “Se a economia der sinais robustos de que vai crescer, poderemos ver mais expansão do crédito em 2019”.

Como investir  As LCIs e LCAs são indicadas para quaisquer perfis de investidores.  São isentas de imposto de renda e cobertas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), até o valor de R$ 250 mil por emissor. Plataformas digitais - as chamadas fintechs - oferecem opções a partir de R$ 5 mil.

Dica da especialista   Para a consultora, o potencial de crescimento de novos projetos imobiliários e no agronegócio são os principais fatores que levarão à expansão dessa classe de ativos. “A expectativa é que a agenda mais liberal do governo estimule a retomada da economia e  mantenha um ambiente de inflação controlada. Caso isso aconteça, teremos um ano promissor”. 

FUNDOS DE INVESTIMENTO

Por Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos  'Os investimentos em ações devem continuar sendo as melhores opções de rentabilidade', pontua Rafael Panonko (Foto: Divulgação) Migração  Em 2018, com a taxa de juros na casa de 6,5% ao ano, os fundos de renda fixa ficaram menos atrativos. Em busca de melhor rentabilidade,  as corretoras assistiram um movimento de migração  de um volume significativo de investidores para fundos multimercados e fundos de ações.

Projeção para 2019  O analista-chefe da Toro Investimentos, Rafael Panonko, destaca que em 2019, levantando em consideração os riscos, o mercado de ações deve manter uma boa remuneração. “Acredito que o Brasil vai atrair investimentos externos, o que irá proporcionar o crescimento do PIB. Os investimentos em ações devem continuar sendo a melhor opção de rentabilidade”, pontua Panoko.  

Como investir  Há opções de fundos com acesso a partir de R$ 100. Quando se investe em um fundo, o investidor facilita a sua diversificação, uma vez que o gestor de determinado fundo avalia quais ativos irão compor o seu portfólio. 

Dica do especialista  De forma geral, o investidor deve se atentar às movimentações do próximo governo, principalmente no campo econômico. São decisões que impactam nos rendimentos dos fundos, dos mais conservadores aos mais arrojados. “A tendência é na continuação no movimento de alta para a bolsa brasileira, com relativa estabilidade para os atuais níveis da taxa Selic e a queda na taxa de câmbio” completa.