Ônibus deixam de entrar no Jardim Santo Inácio após ameaças

Rodoviários informam que ameaça surgiu após tiroteio; SSP nega

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  • Nilson Marinho

Publicado em 3 de outubro de 2018 às 09:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva

Os ônibus não estão entrando no bairro de Jardim Santo Inácio desde as primeiras horas da manhã desta quarta-feira (3). O Sindicato dos Rodoviários alega que a decisão foi tomada porque houve um tiroteio no final de linha na tarde desta terça-feira (2) e boatos de que bandidos queimariam veículos no local. 

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) nega que tenha havido tiroteio e informa que mesmo assim o policiamento foi reforçado na região dos bairros de Jardim Santo Inácio e Mata Escura, onde fica instalado o Complexo Penitenciário. Policiamento foi reforçado no bairro, mas rodoviários alegam que ainda não se sentem seguros (Foto: Marina Silva) Sem ônibus entrando no bairro, os moradores precisam se deslocar até o ponto mais próximo que fica a cerca de 1,5 quilômetro ou até a Estação Pirajá. Na região, os moradores temem falar sobre a troca de tiros e sobre os rumores de que haveria queima de coletivos no bairro. 

Uma moradora, que preferiu não se identificar, disse que nesta terça, enquanto estava em um coletivo nas proximidades do bairro, passageiros informaram ao motorista sobre a troca de tiros e a ameaça da queima de veículos. Tanto o motorista  quanto o cobrador não se sentiram seguros e resolveram interromper a viagem. A moradora precisou ligar para os familiares. 

"Está um inferno desde ontem. Tive que ligar para minha mãe solicitando que ela viesse me pegar. Agora, estou indo do fim de linha até a Estação Pirajá pegar um coletivo", disse.

Em um áudio que circula no bairro, um homem pede para que os moradores não desçam para o "asfalto" (rua) depois das 21h. "Fechem suas portas porque vai ser guerra. Tampinha (traficante) sustentou guerra pior aqui (Jardim Santo Inácio). A ordem veio da Mata Escura", dizia o homem. 

Tampinha era um dos líderes do tráfico no bairro da Mata Escura. Ele foi morto neste ano durante uma troca de tiros com criminosos de uma facção rival, no bairro de Jardim Santo Inácio. Procurada, a SSP informou que investiga o áudio, mas que, a princípio, não existe indício de veracidade.

Policiamento reforçado Duas viaturas da Rondas Especiais (Rondesp) Atlântico ficaram na entrada do bairro, na Rua Direta da Santa Inácio, estacionados, na manhã de hoje. Um rodoviário disse ao CORREIO que, mesmo com a presença dos PMs, se sente inseguro de circular na região. "Não só pela gente mas, também, pela vida dos passageiros. Vamos aguardar a posição do Sindicato", disse. Segundo ele, os coletivos estão estacionando na garagem da Estação Pirajá.

"Há alguns meses queimaram ônibus na entrada de Santo Inácio e diante desses boatos a gente não quer correr o risco de ter outro sinistro ali, menos de 48 horas depois da ocorrência no Pela Porco", informou o diretor de imprensa do Sindicato dos Rodoviários, Daniel Mota.

Ainda segundo ele, no bairro circulam 21 ônibus, que são distribuídos por três linhas. "Vamos ficar monitorando a situação e, quando a categoria se sentir segura, a gente volta a circular", acrescentou.

Escolas Ao total, 580 alunos da escola Escola Municipal Jardim Santo Inácio tiveram as aulas suspensas nesta quarta. De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Municipal da Educação (Smed), as aulas foram suspensas nesta quarta-feira para "proteger os alunos, evitando a exposição deles aos riscos gerados pelo clima de insegurança no bairro". Já a Secretaria da Educação do Estado informou que o Colégio Estadual Célia Mata Pires abriu normalmente, mas registrou baixa frequência. 

*Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro