Ônibus metropolitanos param nesta segunda-feira (2)

Rodoviários decidiram suspender circulação em protesto contra uma possível redução da frota em operação

Publicado em 2 de outubro de 2017 às 10:31

- Atualizado há um ano

Moradores da Região Metropolitana de Salvador estão sem transporte público na manhã dessa segunda-feira (2). De acordo com o diretor do Sindicato dos Rodoviários Metropolitanos (Sindmetro), Catarino Fernandes, a categoria interrompeu as atividades às 8h de hoje para protestar pela manutenção e valorização dos postos de trabalho, que, segundo ele, estão ameaçados por conta da expansão do metrô até Lauro de Freitas. Hoje foi o primeiro dia útil da integração plena entre ônibus metropolitano, metrô e ônibus urbano e da alteração do ponto final de 20 linhas metropolitanas. Ônibus que transportam passageiros da RMS para Salvador param de rodar durante protesto (Foto: Bruno Wendel) "Com a chegada do metrô à Estação Mussurunga, 67 ônibus estão desativados. E, até janeiro, quando o metrô chegará em Lauro de Freitas, a redução será de 35% do total da frota, que hoje são de 450 ônibus", disse Fernandes, acrescentando que a categoria quer que haja uma discussão sobre a relocação dos postos de trabalho.

Por conta da manifestação, 153 ônibus da empresa BTU, 80 da Costa Verde, 80 da Dois de Julho, 65 da VSA e 22 da Liz e Linha Verde deixaram de circular, segundo informações do Sindmetro.

O diretor do sindicato informou ainda que a categoria é a favor da integração das linhas da Lapa, mas quer que as demais sejam redirecionadas. "Queremos uma reunião com os dirigentes dos transportes públicos para resolver a nossa situação. Diariamente são 6 mil usuários transportados na RMS. Até às 8h nós levamos muitos trabalhadores, mas depois paramos. Nossa intenção não é prejudicar a população, é resolver o nosso problema", explicou.

A Agerba - empresa do governo do estado responsável pelo transporte intermunicipal - foi procurada e se posicionou, através de nota,  informando que, junto com o Ministério Público Federal do Trabalho e o Sindmetro, realiza uma série de reuniões com a finalidade de discutir a relocação dos funcionários do sistema metropolitano a partir da integração com o metrô (confira nota na íntegra abaixo)..

O estudante do 3º semestre de Direito, Iago Almeida, acabou prejudicado com a paralisação. Ele teria aula às 8h25, no campus de Pituaçu da Universidade Católica do Salvador (Ucsal), chegou no ponto  em frentre ao Max Atacado, na Estrada do Coco às 7h, onde permaneceu por uma hora, e durante todo esse tempo não viu nenhum ônibus passar.

"O ponto estava lotado, todo mundo esperando os ônibus, e ninguém sabia o que estava acontecendo. Nem os agentes de trânsito que tomam conta do ponto sabiam dizer o que estava acontecendo. Só depois que chegou um cobrador e informou sobre a paralisação", disse.

Sem ter outro meio de transporte para se deslocar até a unidade, o estudante acabou voltando para casa após a longa espera. "Acho que a comunuicação é fundamental, ainda mais por se tratar de um serviço que é tão importante para a população. Infelizmente houve uma completa falta de respeito com a população que precisou usar o serviço para se deslocar. Poderiam ter avisado", disse. 

Já o estudante do 9º semestre de Farmácia, Diego Jones, 23 anos, teve um pouco mais de sorte. Ele diz que chegou no ponto de ônibus, em Vida Nova, às 4h20 e, depois de 50 minutos de espera, o ônibus passou. "Tive uma amiga que nem do bairro conseguiu sair. Eu consegui pegar o ônibus, mas senti a redução da frota. Normalmente esse ônibus passa 4h30, 4h34, no máximo 4h40, mas hoje só passou 5h20", lamentou, se referindo à linha Vida Nova/Terminal da França via orla.

Embora tenha conseguido chegar ao local do estágio, um hospital em Monte Serrat, Diego tem outro problema pela frente. "Quando cheguei no ônibus, o cobrador e o rodoviário já estavam falando que teria paralisação e que era para nós, passageiros, pensarmos em uma estratégia para voltar para casa", contou.

Por volta de 12h, horário de pico, quem precisou do transporte intermunicipal também reclamou. Foi o caso do professor Valdir Silva, 41, que aguardava um ônibus para Lauro de Freitas, em um ponto lotado em frente ao antigo Parque de Exposições. "Embora a reivindicação seja justa, ninguém foi avisado", reclamou Valdir. Com o jardineiro Neicliuton Conceição Xavier, 26, não foi diferente. "Normalmente pego ônibus para Vilas do Atlântico na Avenida Bonocô, mas não passou. Então, peguei um outro e saltei aqui e também não tem ônibus para Vilas", relatou. 

Confira íntegra da nota da Agerba:"A Agerba, o Ministério Público Federal do Trabalho e o Sindmetro realizaram uma série de reuniões com a finalidade de discutir a relocação dos funcionários do sistema metropolitano a partir da integração com o metrô. Uma nova reunião com essa finalidade será realizada neste mês de outubro com a participação do Governo, Ministério Público e Sindmetro. O objetivo do Governo do Estado é assegurar que o sistema integrado de transporte público da Região Metropolitana tenha o máximo de qualidade para a população."