Ontem choveu no futuro

Por Sócrates Santana*

  • D
  • Da Redação

Publicado em 20 de julho de 2018 às 10:42

- Atualizado há um ano

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Os óculos de realidade virtual, desenvolvidos pelo estúdio baiano Moovi, simulam conversores de energia marítima de 1,2 megawatt, instalados abaixo da ponte Salvador-Itaparica para abastecimento de 1.000 casas. No Porto, um software da Preamar Gestão Costeira orienta navios a carregarem e descarregarem de maneira segura protegendo as praias soteropolitanas certificadas pelo selo internacional Bandeira Azul.

Entre cientistas e pesquisadores baianos, cresce o eminente sentimento de criar uma universidade dedicada às ciências do mar para explorar 1.186 quilômetros de litoral, o maior entre os estados brasileiros.

Ao desembarcarem no terminal marítimo, um Hub de empresas inovadoras, turistas usam o apple watch para comprar um tradicional quitute congelado produzido pela empresa Acarajé da Bahia. Acessam as redes sociais e postam fotos com as sacolas, enquanto imagens protetoras, coletadas pela Central de Operações e Inteligência da Secretaria de Segurança Pública através de machine learning, criada pela startup iNuvem, controlam ocorrências criminais e ajudam as forças policiais na proteção dos cidadãos.

Subindo o Elevador Lacerda, turistas acessam um rede wi-fi de 400 Mb disponível na Praça Tereza Batista pela Empresa Baiana de Processamento de Dados (Prodeb). Com o smartphone em mãos, encontram no Google Maps o caminho até o metrô. Chegam até o Campo da Pólvora e cruzam com um advogado navegando no maior indexador de documentos públicos do mundo, o JusBrasil. Deixam o rapaz engravatado falando sozinho com o computador e resolvem descer a escada rolante.

Na direção contrária, indo para a Arena Fonte Nova, torcedores do Baêa sobem as escadas e brincam com o QR Code impresso nas camisas, que leva o sócio-torcedor até o aplicativo desenvolvido pela Cubos, fabricante de software de Salvador. Todos estão conectados às redes sociais. Nas notificações do Instagram, uma turista angolana encontra uma plataforma baiana chamada selfHotel, que aciona o seu motor de reservas favorito e livre de comissões. Eles chegam até o destino de Uber.

Na recepção do hotel, um office boy chega andando um MovPak, um skate elétrico compacto que é acoplado a uma mochila, desenvolvido por um engenheiro baiano. Ele traz na mochila algumas máquinas da Ingenico, que roda um sistema de cobrança da TW2. O recepcionista pega a encomenda e envia para o caixa do restaurante. É a troca de turno entre os funcionários, que fazem o registro da jornada de trabalho por meio da plataforma baiana QR Point. Este enredo poderia facilmente ter sido narrado em reportagem sobre o ecossistema de startups e inovação do nosso estado.

Temos uma força a ser encorajada, a ser desenvolvida: a do empreendedorismo. Fala-se muito em startups, por trás desse termo existe muito mais do que um modismo, ele anuncia um novo modelo de empresa e de empresários.

As startups são o fermento de uma transformação econômica e de uma mudança cultural que abraçam o ecossistema da Baía de Todos os Santos, Capital da Amazônia Azul, embalando utopias concretas. “Ontem choveu no futuro... Minha canoa é leve como um selo... Daqui só enxergo a fronteira do céu....”,  profetizou o poeta Manoel de Barros.

*É jornalista e gestor de inovação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia. [email protected]