Operação da prefeitura retira banhistas da praia de São Tomé do Paripe

Soteropolitanos decidiram 'antecipar' a liberação, ignoraram a interdição e foram tomar banho de mar neste sábado (19).

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  • Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2020 às 15:14

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/GCM

As praias da capital baiana serão reabertas na segunda-feira (21) seguindo algumas regras, mas, neste final de semana, o decreto municipal que proíbe o uso das praias ainda está em vigor. Mas muitos soteropolitanos decidiram 'antecipar' a liberação, ignoraram a interdição em Salvador e foram tomar banho de mar neste sábado (19).

Em uma das mais belas da Baía de Todos-os-Santos, a praia de São Tomé do Paripe, situada bem ao Extremo Sul do litoral de Salvador, no bairro de Paripe, banhistas e ambulantes circulavam desde cedo. Muitas famílias e inclusive crianças estavam no local quando agentes da Guarda Civil Municipal (GCM) percorreram o local e conversaram com os que estavam descuprindo o decreto, pedindo para sair do lugar.

A ação faz parte da operação Tira o pé da Areia, que neste sábado atua com 60 agentes, 12 viaturas, 12 megafones, dois quadriciclos e quatro motos. Além da Guarda Municipal, a operação conta com o apoio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) e da Transalvador. (Foto: Divulgação/Guarda Civil Municipal) Segundo informações da GCM, locais que são mais visitadas pelos banhistas em uma Salvador pandêmica são as praias localizadas entre Piatã e Praia do Flamengo, Praia da Preguiça e o Porto da Barra - lugares que já eram destino certo de quem procurava relaxar antes das restrições e que continuam atraindo quem não aceita ficar sem ir ao mar.

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Feriadão Muita gente tem desrespeitado o decreto municial. No último feriadão, inclusive, p quantitativo considerável de pessoas nas praias já era previsto e foi fator determinante para que a operação fosse deflagrada pela Guarda Municipal, de acordo com o diretor municipal de Segurança Urbana e Prevenção à Violência, Maurício Lima.

"Já sabíamos que as pessoas viriam à praia. Por isso que realizamos uma operação ainda mais robusta para conter o fluxo de pessoas. Articulamos uma força-tarefa que acontece de São Tomé de Paripe até a Praia do Flamengo e vem justamente pra cumprir os protocolos de segurança sanitária durante a pandemia e evitar a presença de pessoas nas praias que continuam fechadas", disse ele, na época.

Durante a pandemia, na Praia do Flamengo, a presença de banhistas não tem sido incomum. Na verdade, muitos soteropolitanos têm escolhido a praia como destino de final de semana. Foi o que nos contou a vendedora Mariana Almeida, 39 anos, que trabalha vendendo acarajé há dez anos no local.

"Desde o começo da pandemia, o movimento é bom por aqui. Nunca parou, de fato. Não é um fluxo como o de hoje que tá muito legal por causa do feriado de amanhã. Mas, todo fim de semana o pessoal vem aproveitar. Tem muita gente que não aguenta mais ficar em casa. A fiscalização passa, todo mundo sai e depois retorna. Nós não paramos porque precisamos disso pra sobreviver. É esse fluxo que faz com que a gente tenha comida pra colocar na mesa", contou. Mariana afirma que fluxo de pessoas é constante na Praia do Flamengo durante a pandemia (Foto: Wendel de Novais/CORREIO) Para Maurício Lima, a Praia do Flamengo já é um local com uma forte presença de banhistas em períodos normais e, além disso, apresenta características que dificultam a fiscalização e a interdição do lugar. "Essa praia aqui sempre foi um ponto de chegada para muitas pessoas que estavam aproveitando dias de folga e isso não mudou, porque quem desrespeita as orientações, vai pra praia que gosta. Além disso, tem o fato do local ter diversos pontos de entrada em toda sua extensão e não permitir uma visualização dos oficiais dentro do veículos, como é o caso de outras praias da cidade. Essas características dificultam o nosso trabalho", falou.

O CORREIO percorreu a orla da cidade em todos os últimos finais de semana e percebeu aglomeração em diversos pontos - tanto na areia quanto no calçadão. Na Praia da Paciência, no Rio Vermelho, a Guarda Municipal dispersou um grupo que ‘batia um baba’ na areia.

Banhistas se justificam A reportagem do CORREIO conversou com os banhistas no local. Entre as justificativas, eles apontaram estabelecimentos já abertos que, na opinião deles, oferecem mais riscos. "Nós não estamos aglomerando com ninguém. Eu só vim com minha família, que mora comigo. Acho que não tem nenhum problema porque estamos tomando cuidado. A gente precisa de um alívio, precisa fazer alguma coisa. Sabemos do risco, mas, aqui, que é um ambiente aberto, não nos sentimos em perigo. A distância é grande com as outras pessoas. Daqui não dá pra pegar o coronavírus", argumentou a psicopedagoga Tharris Barros, 35, que foi para a praia com seu núcleo familiar.Assim como Tharris, a farmacêutica Michele Ferreira, 33, também disse que não se sentia em perigo. "Os bares, que são locais muito mais perigosos, já estão de volta. Pra mim, é muito incoerente abrir os bares. Por que lá pode e aqui não?", questionou a farmacêutica.

Tem quem ache que a decisão de manter as praias fechadas precisa ser revista. Para o representante comercial Alan Silva, 31, o banho de mar é um ponto de escape. "Na minha opinião, isso deveria ser analisado de novo. Não acho que exista um perigo, visto que muitas pessoas vêm com as famílias e não entram em contato direto com as outras. Com tudo que está acontecendo e os prejuízos psicológicos desse momento, tirar as praias é impedir as pessoas de ter acesso à algo que pode contribuir para a saúde mental de todos", declarou.

A estudante Taira Gomes, 25, corrobora com o discurso de Alan. Ela contou que não suporta mais ficar em casa e a vinda para praia é uma atitude necessária. "Eu cheguei aqui porque não aguentava mais ficar em casa e vir pra cá me ajuda. Tô aqui com uma pessoa que mora comigo e estamos longe de todos porque nos preocupamos, mas ficar dentro de casa faz muito mal. Acho que existe muito mais perigo em outros lugares, como o transporte público, por exemplo", disse.

Todos os entrevistados foram retirados de seus lugares quando a operação passou pela praia e precisaram deixar o local. Mas, na maioria dos casos, as pessoas retornavam imediatamente após a passagem do fiscais.