Operação resgate tricolor

Darino Sena é jornalista e escreve às terças-feiras

  • Foto do(a) author(a) Darino Sena
  • Darino Sena

Publicado em 1 de agosto de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Quem foi à Fonte Nova domingo (30), viu um time ousado. Que começou o jogo imprensando o adversário no próprio campo de defesa, com uma marcação adiantada, agressiva. Uma equipe que forçava erros de passe do rival e que, ao tomar posse da bola, o envolvia, com muita movimentação e velocidade dos seus homens de frente. Pena, pros tricolores, que esse time não era o Bahia. Era o Sport.

Há alguns meses, a postura do início dessa coluna poderia perfeitamente descrever o comportamento do tricolor nas partidas em casa. Mas, depois da chegada do técnico Jorginho, ficou difícil ver o Bahia jogar daquela maneira.

Após a derrota de domingo pro Sport (1x3), Jorginho foi questionado pelos companheiros Jaílson Baraúna (rádio Excelsior) e Elton Serra (TVE e CORREIO) sobre as mudanças no perfil da equipe em sua gestão. “Eu não sou Guto Ferreira. Pensamos futebol de uma maneira diferente”, respondeu. Fato.

Essa diferença ficou muito evidente pro torcedor tricolor mais atento, principalmente, nos jogos em Salvador na atual temporada. Enquanto o time de Guto Ferreira ia pra cima com tudo nos momentos iniciais, buscando o gol pra administrar a partida, o de Jorginho, com uma postura mais conservadora, tinha tremenda dificuldade pra se impor nos próprios domínios. Já são cinco jogos consecutivos sem vencer aqui na capital.

Jorginho alegou que o nível dos rivais dele era outro, times de Série A, enquanto a maioria dos jogos de Guto foi pelo Campeonato Baiano e Copa do Nordeste. Talvez sem querer, admitiu a incapacidade de fazer mais nesse contexto. Inconscientemente, Jorginho sentenciava ali a própria demissão, anunciada menos de 20 horas depois da declaração. Time que não quer cair e não ganha em casa, já nasce morto. A diretoria do Bahia não parece conformada com isso. Como o nível dos oponentes não vai mudar, trocou o treinador. Ainda bem.

Também pesaram pra demissão escolhas equivocadas. As barrações do melhor jogador do time, Régis, e de Allione; e a insistência com os limitados Mendoza - escalado até como centroavante - e Rodrigo Becão - que chegou a botar Lucas Fonseca no banco. Preferências que azedaram a relação de Jorginho com algumas das principais lideranças do elenco e deixaram o ambiente ruim pra ele nos vestiários.

Se acertou na demissão de Jorginho, fica cada vez mais nítido que a cartolagem errou no garimpo de reforços pro elenco. Os meias Vinícius e Gustavo Ferrareis, que chegaram como opções a Allione e Régis, não conseguem manter o mesmo nível quando entram. Até agora o Bahia não tem laterais confiáveis - a última esperança, Régis Souza, foi o pior em campo contra o campeão pernambucano. O único acerto entre as vindas recentes, o centroavante Rodrigão, demorou demais pra chegar - pontos preciosos ficaram pelo caminho.

Com o primeiro turno do Brasileirão perto do final é muito improvável que o Bahia consiga se reforçar. O foco agora é em achar um técnico apto a resgatar aquilo que esse elenco já mostrou que pode fazer de melhor e que Jorginho não foi capaz de fazê-lo render. A permanência tricolor na Série A depende desse resgate.