Orquestra recepciona blocos afros e encanta o público na Praça Municipal

Cortejo com 14 entidades culturais e blocos afro saiu do Terreiro de Jesus em direção à Praça Municipal

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  • Thais Borges

Publicado em 22 de fevereiro de 2017 às 23:17

- Atualizado há um ano

Abram alas! Foi com baile digno da realeza – a momesca mesmo, com o Rei Momo e as três princesas carnavalescas – que o Carnaval de Salvador foi oficialmente aberto na noite desta quarta-feira (22). Pelo segundo ano, o início da folia foi na quarta-feira. Mas foi a primeira vez que a festa aconteceu na Praça Municipal, no Centro Histórico.(Foto: Alfredo Filho/Secom)

Por volta das 18h, o público que chegava era recepcionado pela Orquestra Quatro Maestrias – composta por 40 músicos e, como o próprio nome diz, regida por quatro diferentes maestros: Fred Dantas, Paulo Primo, Sérgio Benutti e Zeca Freitas. O repertório começou com Chame Gente, eternizada por Armandinho, Dodô e Osmar, e passou por Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, e por Raiz de Todo Bem, de Saulo.

Desde o início, o evento encantou o casal Lúcia Albuquerque, 80 anos, e Carlos José de Matos, 82. Em março, os dois, que se conheceram no Abrigo São Salvador, onde moram, completam dois anos de casados. Na Praça Municipal, dançaram juntos como se o espaço fosse um grande salão. “Somos foliões mesmo”, contou Lúcia.

Eles não foram os únicos casais embalados pelos instrumentos de sopro e percussão. O casal Benedito da Silva, 66, e Maria José dos Santos, 62, estava pertinho da grade desde cedo. Eles vêm todos os anos de Paulo Afonso, na região do Vale do São Francisco, passar o Carnaval em Salvador. São cerca de nove horas de viagem, mas parecia ter valido a pena. “Menina, achei maravilhoso! Coisa linda. Nunca tinha ouvido uma orquestra tocar. Nota mil!”, elogiou Maria José.DesfileCoisa linda também foi quando o cortejo com 14 entidades culturais e blocos afro começou a sair do Terreiro de Jesus em direção à Praça Municipal. Em uma sequência perfeita, cada um dos grupos chegava e era recepcionado pela orquestra, pelos maestros, pelo povo, pelo Elevador Lacerda e pela Baía de Todos os Santos. Para cada um deles – baianas, Olodum, Banda Didá, Ilê Ayê, Malê Debalê, Cortejo Afro, Filhos de Gandhi, Muzenza, Os Mutantes –, uma música regida pelos maestros. Até que todos – orquestra e os blocos – tocaram juntos.(Foto: Alfredo Filho/Secom)A economista Abigail Silva, 60, e a pedagoga Iracema Alcântara, 65, aproveitaram para levar as netinhas: as gêmeas Eduarda e Fernanda, 5. “A gente sempre viaja no Carnaval. Amanhã (hoje), vamos para a Ilha (de Itaparica), mas hoje deu para vir. Gosto muito do (maestro) Fred Dantas, mas nem sabia que ia ter orquestra. Gostei, porque é mal calmo e tem mais essência, não é?”, comentou Abigail. (Foto:Alfredo Filho/Secom)

A entrega das chaves ao Rei Momo Alan Nery aconteceu por volta das 20h30, com a presença do prefeito ACM Neto (DEM) e do governador Rui Costa (PT). Durante a solenidade, a família do Mestre Didi foi homenageada com uma placa em comemoração ao centenário de nascimento do artista plástico.O prefeito ACM Neto destacou as novidades da folia deste ano, entre elas o Arrastão da Meia-Noite, que será o último trio da terça-feira, puxado por Carlinhos Brown, na Barra. “Mais de 300 atrações vão se apresentar gratuitamente, sem cordas, sem ter que pagar absolutamente nada. Mas o Carnaval é de todos: é dos blocos, é do camarote, é do folião pipoca, é do trio sem corda e isso é que faz o Carnaval da Bahia”, disse o prefeito.O governador Rui Costa também exaltou o Carnaval mais democrático. “A gente espera que, ano após ano, a festa vá retomando as suas origens do Carnaval sem cordas. Desejo que seja uma festa de muita alegria”, disse Rui.