Os 20 produtos mais relevantes do Nordeste

Bahia se destaca em 12 dos produtos do ranking

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  • Georgina Maynart

Publicado em 4 de outubro de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Um Nordeste mais produtivo, onde brotam, em grande escala, frutas como banana, laranja e mamão, além de produtos de exportação como café, soja e cana-de-açúcar. Uma região que bate recordes seguidos de produção, contrariando os efeitos provocados por fatores climáticos extremos. Este é o retrato regional revelado no estudo divulgado esta semana pela Sudene – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, vinculada ao Ministério da Integração Nacional.

A pesquisa foi realizada a partir de informações fornecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de usar dados da PAM 2016 – Pesquisa Agrícola Municipal daquele ano, e não mencionar a PAM 2017, recém divulgada pelo IBGE e mais atualizada, o estudo do Perfil Produtivo Agrícola confirma um dinâmico retrato da agropecuária nordestina, historicamente marcada pelo atraso tecnológico, pela monocultura e por carências graves no campo.

Os dados apontam que os agricultores dos 11 estados sob atuação da SUDENE – todos os nove estados do Nordeste, além de Minas Gerais e Espírito Santo, vivenciam uma agricultura moderna. Nestes estados, os produtores estão se empenhando para diversificar os cultivos e intensificar o uso de novas tecnologias.

Muito além de destacar a participação de cada estado no desenvolvimento econômico da região, o estudo mostra a força da produção de alimentos para a geração de renda. A pesquisa traz o ranking dos 20 produtos agrícolas mais relevantes para a balança comercial do setor agrícola. A lista leva em consideração a quantidade produzida.“A proposta do perfil é apresentar um diagnóstico dos produtos com maior produção, auxiliar na identificação de polos de concentração e destacar alguns potenciais agrícolas. Este estudo é um ponto de partida para outras pesquisas mais analíticas. A partir destes dados podemos estudar as vocações e potencialidades”, diz Gabriela Isabel Nascimento, coordenadora de Estudos e Pesquisas da Diretoria de Planejamento da Sudene.O estudo sintetiza dados fornecidos pelo IBGE sobre 1.990 municípios na área de atuação da Sudene. “É uma publicação simples, objetiva e clara. A nossa proposta é que qualquer pessoa da sociedade possa identificar um retrato da produção agrícola nesta área”, acrescenta Gabriela.

Longa duração

Nas culturas permanentes, de longa duração, e que não necessitam de replantio anual, o ranking começa com a produção de banana. São mais de 2,7 milhões de toneladas produzidas por ano, só na área que inclui o Nordeste, o norte de Minas e o Espírito Santo.A fruta é a mais cultivada também no país. Não é por acaso. Além de atender a preferência dos brasileiros, a fruta também é a mais consumida no mundo.

O cultivo de banana se espalha por mais de 6 milhões de hectares na área estudada. Representa 14,9% das áreas ocupadas pelas lavouras permanentes, e quase 40% da produção nacional de banana do país. O município de Bom Jesus da Lapa (BA), no vale do Baixo Médio São Francisco, se destaca ao produzir mais de 160 mil toneladas da fruta por ano.

A laranja vem em segundo lugar. O relatório traz dados sobre os pomares tradicionais cultivados em Rio Real, no agreste baiano, mas também aponta a crescente participação dos cultivos de citrus no Oeste da Bahia, com a alta produtividade registrada em alguns municípios, como Barreiras. O coco produzido no Nordeste vem em terceiro lugar, ocupando 82,3% da produção nacional. São mais de um bilhão e quatrocentos milhões de frutos por ano. O município do Conde, no Litoral Norte da Bahia, continua liderando a produção brasileira. Mas os municípios de Rodelas e Remanso avançaram na produção, e já alcançam uma produtividade média de 60 mil frutos por hectare.

Em seguida no ranking vêm mamão (4º), manga (5º), maracujá (6º), café (7º), uva (8º), limão (9º) e goiaba (10º). No cultivo do limão, o município citado é Cruz das Almas, no Recôncavo baiano.

Já dos parreirais do Nordeste já saem 33,6% das uvas produzidas no país. O dado evidencia a importância econômica de alguns municípios de Pernambuco, do Ceará e do Norte da Bahia. Os produtores rurais destas áreas adaptaram o cultivo das videiras, comuns em regiões do mediterrâneo, às diferentes condições climáticas do Nordeste.

Temporárias

Entre as culturas temporárias, aquelas que precisam de replantio anual, o topo da lista é ocupado pela cana-de-açúcar. São mais de 128 milhões de toneladas saindo do campo todos os anos. A cana é a principal matéria prima para a produção de álcool combustível. As áreas ocupadas pelos canaviais diminuíram ao longo dos anos, mas ainda representam 19,7% das lavouras temporárias do Brasil. Antes ocupavam 24,2%.

A soja, principal produto agrícola de exportação, vem em segundo lugar no ranking. Cerca de 10% da soja brasileira sai do Nordeste, da área do Matopiba, região que abriga municípios do Oeste da Bahia, Maranhão, Tocantins e Piauí.

A mandioca, outro produto tradicional que sofreu redução nos últimos anos, ainda aparece entre os três produtos mais relevantes para a economia nordestina. Os agricultores das regiões analisadas produziram 5,5 milhões de toneladas da raiz.

Soma-se a esta lista a produção de milho (4º), algodão (5º), tomate (6º), abacaxi (7º), melancia (8º), melão (9º) e o feijão (10º). Quanto ao feijão, o relatório enfatiza a produção de feijão irrigado do oeste da Bahia, implantada na região de Barreiras. No ano analisado, o município produziu mais de 11 mil toneladas de feijão.

Semiárido produtivo

O semiárido, historicamente apontado como uma das regiões mais difíceis para o desenvolvimento da agricultura e da produção de alimentos, aparece com relevância no estudo. Os dados mostram que 63% das bananas são cultivadas em áreas com este tipo de clima. O mesmo ocorre com 93% das mangas, cerca de 73% do maracujá, mais de 95% das uvas e 98% da soja.

É um bom desempenho para uma área marcada por fatores adversos como a seca, apontada com frequência como fator gerador de pobreza e falta de emprego. O clima semiárido é caracterizado pelas altas temperaturas, baixa umidade e pouca chuva. A precipitação média oscila entre 200 e 400 milímetros, segundo a classificação mundial. É um dos climas mais secos do mundo.

Já a vegetação nestas áreas é formada por pequenos arbustos que ocupam solos, em geral considerados incapazes de sustentar grandes plantas. Mas em algumas regiões subtropicais, estas áreas apresentam solos férteis que podem ser adaptados para produção agrícola e pecuária. É o que está ocorrendo no Nordeste brasileiro.

“A partir de agora outros estudos serão feitos não apenas sobre os produtos agrícolas, mas sobre o segmento como um todo, além de outros setores como a indústria, comércio e serviços. Iremos analisar os arranjos produtivos locais. Estes estudos vão dar apoio aos direcionamentos das ações da Sudene”, finaliza Gabriela Nascimento.

Bahia

No Nordeste, 1.262 municípios estão no semiárido, assim como 86% do território baiano. Entre os 20 produtos da lista, a Bahia se destaca em pelo menos 12 cultivos. O estado aparece no topo da produção de banana, laranja, mamão, manga, maracujá, limão, soja, mandioca, milho, algodão, tomate e feijão. veja os rankings divulgados pela Sudene:

LAVOURAS PERMANENTES (cultivo mais prolongado)

Produção Nordeste + Minas Gerais e Espírito Santo

1) BANANA:

*2,7 milhões de toneladas

*39,9% da produção nacional

*1,7 milhões de toneladas só no semiárido

*14,9% das lavouras permanentes do país

*R$ 8,3 bilhões de reais

2) LARANJA:

*1,8 milhões de toneladas

*10,5% da produção nacional

*509 mil toneladas só no semiárido

*15% das lavouras permanentes do país

*R$ 8,3 bilhões de reais

3) COCO :

*1,4 bilhões de frutos de cocos

*82,3% da produção nacional

*452 milhões de frutos só no semiárido

*2% das lavouras permanentes do país

*R$ 1,1 bilhão de reais

4) MAMÃO:

*1,3 milhões de toneladas

*91,3% da produção nacional

*364 mil toneladas só no semiárido

*2,6% das lavouras permanentes do país

*R$ 1,4 bilhões de reais

5) MANGA:

*757 mil toneladas

*75,6% da produção nacional

*706 mil toneladas só no semiárido

*1,4% das lavouras permanentes do país

*R$ 788 milhões de reais

6) MARACUJÁ:

* 515 mil toneladas

* 73,3% da produção nacional

*376 mil toneladas só no semiárido

*1,8% das lavouras permanentes

*R$ 1 bilhão de reais

7) CAFÉ:

*402 mil toneladas

*13,3% da produção nacional

*96 mil toneladas só no semiárido

*38,2% das lavouras permanentes do Brasil

*R$ 21,3 bilhões de reais

8) UVA:

*330 mil toneladas

*33,6% da produção nacional

*316 mil toneladas só no semiárido

*3,8% das lavouras permanentes do país

*R$ 2,1 bilhões de reais

9) LIMÃO:

*229 mil toneladas

*18,2% da produção nacional

*143 mil toneladas só no semiárido

*2,3% das lavouras permanentes

*R$ 1,2 bilhão de reais

10) GOIABA:

*197 mil toneladas

*47,5% da produção nacional

*186 mil toneladas só no semiárido

*0,9% das lavouras do país

*R$ 508 milhões de reais

LAVOURAS TEMPORÁRIAS (com replantio pós colheita)

Produção Nordeste + Minas Gerais e Espírito Santo

1) CANA DE AÇÚCAR:

*128 milhões de toneladas

*16,7% da produção nacional

*125 milhões de toneladas só no semiárido

*19,7% das lavouras temporárias do país

*R$ 51,6 bilhões de reais

2) SOJA:

*9,8 milhões de toneladas

*10,3% da produção nacional

*9,7 milhões de toneladas só no semiárido

*40,1% das lavouras temporárias

*R$ 104 bilhões de reais

3) MANDIOCA:

*5,7 milhões de toneladas

*27,4% da produção nacional

*5,5 milhões de toneladas só no semiárido

*3,9% das lavouras temporárias

*R$ 10 bilhões de reais

4) MILHO:

*9 milhões de toneladas

*14,1% da produção nacional

*8,9 milhões de toneladas só no semiárido

*14,4% das lavouras

*R$ 37,6 bilhões de reais

5) ALGODÃO:

*1 milhão de toneladas (toda no semiárido)

*29,5% da produção nacional

*2,6% das lavouras permanentes

*R$ 6,9 bilhões de reais

6) TOMATE:

*1,3 milhões de toneladas

*33,4% da produção nacional

*1,2 milhões de toneladas só no semiárido

*2,1% das lavouras

*R$ 5,4 bilhões de reais

7) ABACAXI:

*878 milhões de abacaxis

*48,9% da produção nacional

*832 milhões de frutos só no semiárido

*0,9% das lavouras

*R$ 2,4 bilhões de reais

8) MELANCIA:

*579 mil toneladas

*572 mil toneladas só no semiárido

*27,7% da produção nacional

*0,5% das lavouras permanentes

*R$ 1,3 bilhões de reais

9) MELÃO:

*570 mil toneladas

*596 mil toneladas só no semiárido

*95,7% da produção nacional

*0,2% das lavouras permanentes

*R$ 597 milhões de reais

10) FEIJÃO:

*835 mil toneladas

*822 mil toneladas só no semiárido

*31,9% da produção nacional

*3,7% das lavouras permanentes do país

*R$ 9,7 bilhões de reais