Os 60 anos de Momo: Ferreirinha fez escola no Carnaval

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  • Nelson Cadena

Publicado em 1 de fevereiro de 2019 às 08:56

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“Rei não se elege é dinastia”. Foi esse o sentimento que prevaleceu na cidade por três décadas, desde a escolha de Ferreirinha, em 1959, para ser o primeiro Rei Momo oficial, em concurso instituído pelos jornalistas Edmundo Filho e Silva Filho do casting de locutores da Rádio Excelsior que, por muitos anos, deteve a patente.

A escolha de Milton Ferreira da Silva foi de conveniência, favorecida pelo seu físico avantajado, compatível com o imaginário do Deus da pilharia da mitologia grega e pelo fato de ser motorista da Sutursa, órgão de turismo da Prefeitura do Salvador. Teve um longo reinado de 29 anos, substituído em 1989 pelo seu filho Nilson Ferreira, autor da frase que abre este artigo, para justificar a sua escolha sem eleição.

A iniciativa dos radialistas aqui referidos fortaleceu a importância do Rei Momo no contexto do Carnaval da Bahia. Antes do concurso oficial tivemos Reis Momos circunstanciais, com limitado espaço geográfico e nem todos com o figurino apropriado: na década de 1930, no papel de consorte, nos concursos de Rainhas do Carnaval promovidos por Amado Coutinho, presidente da Associação de Cronistas Carnavalescos, e outros Reis Momos de ocasião, na década de 1950, nos bailes do “Moulin Rouge” do Bahiano de Tênis, ou do Galo Vermelho no Hotel da Bahia, dentre outros.

Ferreirinha, com o aval do governo, teve mais espaço e ele próprio com a sua simpatia conquistou os baianos e a imprensa, que fazia questão de denominá-lo de “Rei Momo, primeiro e único”. Era um sujeito expansivo, polêmico, às vezes, como no Verão de 1971 quando declarou ao Jornal da Bahia: “Não quero hippie no meu Carnaval. A gente não pode andar com desodorante no bolso para tirar o fedor deles. E se for boneca, deslumbrada ou libélula, entram pelo cano que é o que eles gostam mesmo”. De nada adiantou a bravata do Rei. Gays e hippies podiam ser vistos aos montes na Praça Castro Alves, na Carlos Gomes e no Baile das Atrizes.

Ferreirinha era amado, paparicado, saudado por toda parte onde sua presença se fazia notar. Gostava disso, lamentava apenas o fato de que durante o Carnaval era chamado de Ferreirinha, enquanto no resto do ano era chamado de Rei Momo. Desfilava em carro alegórico, recebia as chaves da cidade do prefeito e lia um pronunciamento. O reinado da família, pai filho, findou em 1990 quando a Federação Baiana dos Clubes Carnavalescos promoveu, de fato, uma eleição, a escolha recaiu em José Eduardo Santana Vita que reinou nos Carnavais de 1990,1991,1993 e 2001.

Não foi o único eleito para mais de um mandato. Paulo Ferreira Passos foi eleito em 1994 e 1997; Pedro Balbino de Almeida Filho em 1995, 1998 e 2002; Édicles Calmon Brasil de Melo em 1999 e 2000; Alexandre Pereira Vasconcelos em 2004 e 2005; Leandro França dos Santos em 2012 e 2013 e Alan Nery em 2015, 2017 e 2018. O Carnaval da Bahia teve outros Reis Momos, eleitos para um mandato só: Wiliam do Nascimento em 1992, James Jorge Silva em 1996, Ivonilson Queiroz de Oliveira em 2003; Omar Jesus em 2006; Eraldo Alves em 2007; Edgar Passos Ferreira em 2011, Renildo Barbosa em 2014 e Duduzinho Nery em 2016.

Um paradigma foi quebrado em 2008 com a escolha de um Rei Momo magro, Clarindo Silva, da Cantina da Lua. A iniciativa, por ser inusitada,  rendeu polêmicas na mídia A ideia era homenagear personagens da Bahia, independente de sua complexidade física e protótipo. Com base nesse critério,  o cantor Gerônimo e o músico Pepeu Gomes foram coroados em 2009 e 2010 respectivamente. No ano seguinte restabeleceu-se o concurso nos moldes tradicionais. Quase!