Os anticoncepcionais fazem realmente mal à saúde?

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  • Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2019 às 14:17

- Atualizado há um ano

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Existem inúmeras páginas na internet condenando o uso dos anticoncepcionais hormonais. Geralmente são criadas por pessoas leigas que tiveram experiências negativas com o método. Mas será que essas informações são realmente um alerta importante ou um desserviço à população?

Os anticoncepcionais fazem realmente mal à saúde?

É preciso entender que, como todo medicamento, os anticoncepcionais têm seus riscos, benefícios e contra-indicações. Os riscos são maiores quando as pílulas possuem o estrogênio na sua composição, sendo que as pílulas só com progesterona são muito seguras, tendo poucas contra-indicações.

O estrogênio causa algumas alterações no sistema de coagulação sanguínea, predispondo a mulher à trombose. Entretanto, em mulheres sem fatores de risco importantes para trombose, como tabagismo, obesidade, sedentarismo e alterações nos fatores de coagulação, esse risco é muito baixo.

Em um grupo de 10.000 pessoas saudáveis, em torno de duas pessoas terão trombose sem o uso da pílula com estrogênio. Se a pílula for administrada, passo a ter 4 a 6 pessoas com trombose neste mesmo grupo. É um risco baixíssimo. Já em um grupo de 10.000 grávidas, cerca de 16 a 20 poderão ter trombose, sendo o número ainda maior no período pós-parto. Portanto, engravidar é muito mais perigoso para a trombose do que tomar anticoncepcionais.

Quanto ao risco de câncer de mama, o uso prolongado dos hormônios causa discreto aumento, voltando ao normal após cerca de 10 anos sem o método. Se usada pela primeira vez após gestação e amamentação, este risco é quase nulo.

Por outro lado, o uso de anticoncepcionais combinados diminui em aproximadamente 50% o risco de câncer de endométrio, ovário e intestino, que juntos matam mais do que o câncer de mama. Também ajudam no controle do ciclo, sangramento aumentado, cólicas, endometriose, acne, aumento de pelos, previnem anemia e gestações indesejadas.

Portanto, eu diria que numa população sem contra-indicações ao método, a pílula traz mais benefícios do que malefícios à saúde.

É compreensível que uma pessoa que sofreu um AVC em idade jovem na vigência do uso de pílula queira convencer outras mulheres de que a pílula é maléfica, mas a experiência ruim de algumas pessoas não pode anular os inúmeros benefícios que ela pode trazer para a grande maioria da população.

Por isso é importante sempre buscar informações com um médico bem preparado. Se tiver dúvidas sobre métodos contraceptivos ou qualquer outro assunto sobre saúde, agende uma consulta médica. Cuidado com fontes duvidosas.

Helena Proni é graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, e mestre em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

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