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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2018 às 14:30
- Atualizado há um ano
O diagnóstico de um Transtorno do Espectro Autista (TEA) traz muitos desafios aos familiares de uma criança ou adolescente com esta condição. Além dos pais, professores também podem sentir-se inseguros sobre a melhor maneira para lidar com as dificuldades destes alunos, no ambiente escolar.
Desde 2012, no Brasil, a Lei 12.764 determina que pessoas com autismo podem frequentar escolas regulares e têm o direito de solicitar acompanhamento nesses locais, se necessário.
Atualmente, segundo dados americanos, uma em cada 59 crianças é diagnosticada com autismo, sendo que no Brasil estima-se que em torno de um milhão de pessoas entre 0 e 19 anos tenham características do espectro.
Apesar de ser um direito garantido por lei, o primeiro desafio dos pais é encontrar uma escola que tenha a abertura e disponibilidade necessária para lidar individualmente com as dificuldades que um aluno com autismo possa apresentar. O autismo é definido por dificuldades na interação e na comunicação com outras pessoas, e por uma redução dos interesses próprios para a idade, que podem ser repetitivos e às vezes estranhos. No entanto, existem diversos graus de dificuldade e nenhuma pessoa autista é igual a outra pessoa autista.
As dificuldades de comunicação podem incluir não falar, não fazer gestos para se expressar e não olhar para outra pessoa nos olhos. Por outro lado, há pessoas com autismo que podem falar, mas geralmente repetem frases prontas ou palavras fora de contexto e sem função, de forma inadequada. Crianças com autismo têm dificuldade para imitar e brincar de faz-de-conta, tendo um pensamento mais concreto.
Frequentemente, crianças e adolescentes com autismo preferem ficar sozinhos, sem demonstrar interesse pelos colegas. As brincadeiras nem sempre são convencionais, por exemplo, podem ficar movimentando a roda de um carrinho, sem brincar de fazê-lo andar no chão. Quando maiores, a criança pode se interessar por um único assunto (dinossauros, meios de transporte, planetas...) e sabe conversar sobre o tema muito bem, mas não consegue compartilhar o interesse de outras pessoas.
Podem ser muito apegadas a rotinas e tendem a fazer certas coisas sempre do mesmo jeito, possivelmente como uma maneira de sentirem-se mais seguras, por saberem sempre o que irá acontecer. Algumas alterações na percepção (visual, auditiva, tátil) podem surgir: a criança pode incomodar-se com a iluminação do ambiente, não gosta de ser tocada, incomoda-se com ruídos comuns, por exemplo.
Atualmente, muitas crianças diagnosticadas com autismo já não apresentam deficiência intelectual, mas as dificuldades de aprendizagem existem e são frequentemente importantes. Os processos de aprendizagens são particulares, sendo que pessoas com autismo tendem a ser mais visuais do que verbais.
O desafio para a inclusão na escola regular começa com a individualização das necessidades do aluno, para em seguida passar para a conscientização sobre o autismo na comunidade de alunos, funcionários e professores na escola. Este trabalho é importante, pois facilita a compreensão e o respeito à pessoa com autismo.
Crianças e adolescentes com autismo também têm muitas habilidades, e podem aprender e interagir desde que o ambiente apresente as condições necessárias de tranquilidade, disponibilidade e reciprocidade. Diversas estratégias podem ser utilizadas, a depender das características de cada aluno, e o projeto pedagógico dever ser discutido com pais, professores e profissionais da área de saúde que conheçam a criança.
Camilla T M Mazetto é psicóloga e neuropsicóloga especialista no atendimento individual e em grupo de crianças e adolescentes com transtornos de desenvolvimento, dificuldades de aprendizagem e integração social.
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores