“Os privilegiados têm que devolver ao Brasil o que ganham”

O publicitário e empresário baiano Nizan Guanaes comemora sucesso da nova empresa e ‘patrocina’ live de Natal de Caetano

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  • Ronaldo Jacobina

Publicado em 30 de novembro de 2020 às 23:25

- Atualizado há um ano

O publicitário Nizan Guanaes (foto/divulgação) O publicitário baiano Nizan Guanaes está preparando um presentaço de Natal para os brasileiros: uma live com Caetano Veloso. O show, idealizado por ele e por Paula Lavigne, vai acontecer no sábado antes do Natal, dia 19, às 21h, no canal do cantor no Youtube. “Eu disse que ia ter Natal e vai ter Natal,  com esse cara que é tão inspirador pro Brasil”, diz Nizan. O repertório está sendo escolhido pelo público. O presente aos brasileiros funciona como uma espécie de gesto de  gratidão. “Quem tem mais, os privilegiados, têm que devolver ao Brasil o que ganham”, justifica. Leia, a seguir,  entrevista exclusiva.  

Em julho passado, você conclamou as pessoas a montarem suas árvores de Natal, apoiando uma campanha da Burger King. Qual o sentido de celebrar a data com tanta antecedência?

A Burger King fez uma campanha a partir da minha campanha que foi Vai Ter Natal. Foi maravilhoso que eles tenham feito, as pessoas montaram suas árvores, eu lancei isso, na verdade, em 2017. Então, a partir disso, houve uma repercussão enorme e as pessoas começaram a montar suas árvores.

Mas, esse ano, você reforçou a campanha em função da pandemia?

Eu falei isso no início da pandemia porque era pras pessoas tirarem a cabeça da pandemia e colocarem na esperança; era um ponto fixo, ninguém vive sem esperança.

Durante a pandemia você inaugurou um canal de lives, entrevistando personalidades, mas pouco tempo depois, parou. Por que?

Fiz, digamos, no ponto crítico da pandemia porque aquilo estava inspirando as pessoas.  Mas foi muito puxado  porque eu não tinha nenhuma equipe de produção, meus produtores eram Donata (Meireles), minha mulher, e meu filho.

Neste período das lives surgiram especulações de que estas eram um aquecimento para um talk show. Houve esse plano, recebeu algum convite  ou isso nunca passou pela sua cabeça?

Não era aquecimento nenhum, mas eu não vou negar que tenho vontade de fazer  um talk show, mas esse não é o momento. Estou muito focado na minha nova empresa, a N Ideias, que é uma empresa de consultoria, de estratégia. E no meio dessa pandemia todo o meu foco é na empresa, nos clientes, na minha vida pessoal, foco no que é essencial no momento.

Por falar em live, você está organizando uma live de Caetano Veloso como forma de celebrar o Natal. O que esperar deste show virtual depois da espetacular live que ele fez recentemente?

Eu tive a ideia de fazer essa live show com Caetano, contei essa ideia pra Paulinha (Lavigne), que adorou e nos juntamos pra fazer. 

A que o Caetano fez com a Globo foi inacreditável, um enorme sucesso. A que ele fez com André Trigueiro foi incrível! As pessoas amam show de Caetano, então essa também será um espetáculo.

O evento será patrocinado por você ou terá uma marca patrocinando?

Eu não sou o patrocinador. Eu e Paulinha somos os idealizadores, não vai ter outro patrocinador porque a ideia da live é um presente pro Brasil. Eu disse que ia ter Natal e vai ter Natal, um sábado antes do Natal, com esse cara que é tão inspirador pro Brasil.

Desde que você se desfez do seu grupo publicitário, criou a N Ideias para fazer consultorias. Como tem sido esse trabalho e de que forma a empresa atua?

A N Ideias teve um ano muito bom, graças a Deus, num momento dificílimo, desafiador, porque é exatamente nesses momentos que as empresas precisam de estratégias. E quem tem mais, os privilegiados, têm que devolver ao Brasil o que ganham. É nesses momentos que as pessoas precisam dos líderes.

Durante a pandemia, muitas empresas  fizeram doações  para hospitais. Esse tipo de ação, quando publicizada, não gera uma desconfiança do público que pode achar que é marketing?

Esse é o papel dos líderes: numa crise, têm que liderar. As empresas privadas deram um show na pandemia, o Itaú/Unibanco foi destacado uma das maiores doações do mundo, R$ 1 bilhão! Os grandes bancos, a Febraban, a Magalu, a Ambev, deram um show da iniciativa privada.

Como você enxerga a publicidade hoje com o mundo caminhando para as redes sociais?

O que muda é a plataforma da publicidade, mas a criatividade é fundamental em tudo.  Por isso que acho que o futuro terá necessidade de duas coisas: conteúdo e estratégia.

Como você acha que a economia mundial vai ficar depois da vacina?

É fundamental a reinvenção do capitalismo para o próprio bem dele. Eu sou liberal, mas também não serei “liberalóide”, nesse sentido eu concordo com Caetano (Veloso), embora ela tenha uma opinião sobre política e eu tenho outra, mas eu acho que nós temos que mudar o mundo, o mundo não pode ficar por conta das leis de mercado. É importante ter o SUS , que agora teve um papel muito importante, porque na hora que dá um problema é o Estado quem injeta o dinheiro na economia.  A iniciativa privada não pode ter o papel do SUS, é importante ter o SUS.