Os Sete Exus de Jayme Fygura

Exposição reúne esculturas, fotografias e vídeos sobre o artista e performer baiano

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  • Ana Pereira

Publicado em 10 de novembro de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marisa Vianna/divulgação

Quem não conhece Jayme Fygura? Esta é resposta da fotógrafa Marisa Vianna à pergunta sobre sua aproximação com o artista baiano, que resultou na exposição Exus, em cartaz no Museu de Arte da Bahia na programação do projeto  Virada Sustentável - que termina neste domingo (10). Conhecer é meio maneira de falar, pois ela está se referindo à instalação ambulante que Jayme é e que intriga e atrai atenções pelas ruas da cidade.

Mas conhecer mais de perto o homem por trás da máscara, entender seu processo criativo e apreciar seus trabalhos não é tão simples assim. É o que nos oferece a experiente profissional de 64 anos. Ela fotografou e filmou a produção das sete esculturas de Cabeças de Exus, feitas em ferro com o uso da solda e de outras ferramentas. A mostra reúne as peças de Jayme e as fotos e vídeos de Marisa do processo.  A mostra está em cartaz no Museu de Arte da Bahia (Marisa Vianna/divulgação) A aproximação entre eles aconteceu de fato depois que Jayme  viu umas fotos suas feitas por Marisa e caiu de amores. Foi ele quem sugeriu a parceria, que se mostrou desconstrutora para a própria Marisa. Esta é a primeira vez que ela fotografa com celular, superando os próprios preconceitos em utilizar o aparelho para produzir arte. “Nem meu neto eu fotografava com celular. Quem me conhece sabe que sou muito perfeccionista, mas não foi uma escolha, foi uma imposição”, diz, referindo-se à adequação do celular ao projeto.

Dito isto, entenda-se que tudo aconteceu de acordo com o ritmo do artista. Marisa conta que passou 21 dias dividindo com Jayme o espaço apertado do ateliê-toca que ele ocupa desde sempre no Santo Antônio Além do Carmo. Sobretudo respeitando tempo e espaço, pois na confecção das peças há muito barulho, fogo e faíscas, literalmente. Marisa Vianna fotogrtafando no ateliê de Fygura, no Santo Antônio (Foto: divulgação) Ela diz que nunca teve curiosidade de ver o rosto de Jayme – que não aparece em público de cara limpa – e se surpreendeu com o artista profundo e com a gentileza do senhor de 60 anos que mora em Sussuarana e que ainda sofre com as dores decorrentes de um atropelamento há dois anos. “Conversamos muito. Estava muito mais com o homem Jayme”, conclui.

As sete cabeças apresentadas na mostra levam para a galeria um pouco do trabalho que Jayme carrega consigo pelas ruas. São enigmáticas e desafiadoras como o próprio artista, cujo personagem nasceu nos anos de 1990, depois de perder o emprego. Foi quando ele resolveu assumir de vez a persona que traz muito do espírito do rock, de quem passou por bandas como The Farpa, Missionários do Dízimo e Jayme Fygura e Seus Vermes. “Sou um artista contemporâneo, meu trabalho é profundo”, diz.

FICHA

Onde: Museu de Arte da Bahia (Corredor da Vitória).

Visitação gratuita neste domingo (10), das 14h às 18h.