Osba: uma parceria para a história

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  • Da Redação

Publicado em 7 de março de 2022 às 05:08

- Atualizado há um ano

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Quando fui apresentado ao mais novo regente da Orquestra Sinfônica da Bahia, eu desanimei um pouco. Ela havia me parecido meio distante, meio desinteressado, e algo me dizia que eu não iria com a cara dele.

De todo modo, eu ia estrear Sargento Getúlio, o novo espetáculo do meu grupo, e por política e deferência, já imaginando que ele ignoraria o mesmo, lhe ofereci um convite. E ele sumiu.

Um dia, estou no Teatro Castro Alves e recebo um torpedo no celular, DDD 021. Era Carlos Prazeres escrevendo coisas lindas sobre o espetáculo e dizendo que seria ótimo se pudéssemos fazer alguma parceria no futuro.

Ele, provavelmente, não lembra dessa história, e seu ar meio distante e desinteressado, para os que creem em astrologia, identificam o pisciano. Quem não, identifica de cara aquele sujeito que, no meio da conversa, se perde todo e subitamente pergunta: “que que foi?”.

Calhou de nos juntarmos não por iniciativa direta da gente, mas por um convite do TCA, através de Moacyr Gramacho e Rose Lima, para que eu dirigisse os 50 anos do teatro com a Osba, Filhos de Gandhy, Gilberto Gil, Saulo, Baby do Brasil e Jackson Costa. E calhou de ser um espetáculo que marcou nossas vidas, momento especial e de potência singular.

Lançada a pedra fundamental, foi natural que nos aproximássemos ainda mais. Viramos amigos e parceiros. Eu virei seu fã, indo assistir a grandes concertos, e aprendendo sempre, em mesas de bar, um pouco mais sobre grandes compositores e peças clássicas. E iniciamos uma parceria que me parece longe do fim. Fizemos concertos de carnaval, cine concertos, trabalhamos com grandes nomes da música, trouxemos Circo Picolino, Marcelo Praddo, Denise Correia, Gerônimo, poesia baiana, Xangai, fizemos filme, sarau virtual em homenagem aos 80 anos de Capinan, João Bosco, Roberto Mendes... Vou esquecer sempre de gente tão importante quanto, mas o fato é que estamos fazendo cinco anos de parceria juntos, e abrindo 2022 cheios de efemérides.

Além dos 40 anos da Osba, nosso primeiro concerto, que aconteceu no último sábado (5), comemorou os 75 anos de nascimento de Moraes Moreira e os 50 anos de lançamento do antológico e fundamental disco Acabou Chorare, dos Novos Baianos.

No ensaio de sexta (4), em meio à orquestra, Josyara, Armadinho e Paulinho Boca de Cantor, olhei tudo com olhar meio distante, mais como uma testemunha do momento. Quando Paulinho entrou para cantar Mistério do Planeta, fiquei profundamente emocionado. Eu estava ali diante da história, e ela sendo apresentada a mim com aquela voz, aquela canção, e Paulinho justificava o apelido, cantando com força, segurança, como se o tempo fosse meu amigo, e a arte sua parceira inseparável.

No final do ensaio, já com a Concha Acústica sendo esvaziada, ficaram Luciano Calazans, Armadinho e Paulinho Boca de Cantor. Eu pedi que tocassem Acabou Chorare, por achar que a delicadeza da música ia ficar bonita assim, num grupo de câmara. Um trio desses, impossível errar. Neste momento, Carlos Prazeres sentou ao meu lado. 

Comentamos, emocionados, sobre aquilo tudo que estávamos vivendo. E ele nos imaginou daqui a 10 anos, olhando nossa história, relembrando grandes artistas, grandes momentos, imensas emoções.

Nem sempre cai a ficha, quando estamos sendo parte da história que está se desenrolando à nossa frente. A lágrima, não. Ela cai, tem caído, e nunca sozinha, vindo numa parceria de emoções como tem sido, e espero que continue sendo a minha parceria com a Osba e Carlos Prazeres.