Ossada de estudante desaparecida é liberada para família; morte é investigada

Vitória Charleane, 17 anos, sumiu no Réveillon

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  • Bruno Wendel

Publicado em 9 de julho de 2018 às 18:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/Facebook

O fim de um ciclo, mas a dor ainda é latente. Essa é a sensação dos familiares da estudante Vitória Charleane dos Reis Mata, 17 anos. Nesta segunda-feira (9), os restos mortais dela serão finalmente colocados no ossuário da família, na Ordem Terceira de São Francisco.

“Enfim, a gente vai poder dar a ela uma despedida digna, porque nem isso queriam deixar. O que fizeram com a minha sobrinha foi desumano. Ninguém merece isso. O que queremos agora é que se faça justiça. A (justiça) de Deus é certa. Agora queremos que se faça cumprir a justiça dos homens”, declarou a tia de Vitória Charleane, Eliana Bárbara de Cruz Muniz, acreditando na possibilidade de a sobrinha ter sido assassinada.

“Mas essa certeza só teremos quando estivermos acesso ao laudo”, ponderou em seguida, a tia, na manhã desta segunda-feira, no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLRN). Segundo a assessoria do Departamento de Polícia Técnica (DPT), o laudo que aponta a morte da estudante está liberado para a Polícia Civil desde o dia 21 de junho. O caso segue sendo investigado pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

A ossada de Vitória Charleane foi encontrada no último dia 14, num matagal, no bairro de Águas Claras, a pouco mais de 300 metros da casa dela. Ela estava desaparecida desde a noite do dia 31 de dezembro de 2017. “Ela foi passar o Réveillon em São Tomé de Paripe e, desde então, nunca mais foi vista”, contou Eliana Bárbara. 

Réveillon Vitória Charleane era estudante do 2º grau do Colégio Estadual Renan Baleeiro, em Águas Claras, e estava animada para passar o Réveillon com a família e amigos. Ela, a tia, uma prima e uma amiga iam encontrar um outro grupo lá, na praia de São Tomé de Paripe, onde comemorariam a chegada do Ano Novo ao som com o cantor de arrocha Pablo.“Todos estávamos empolgados, inclusive ela. A praia é chamada por nós como ‘a praia do oi’, porque tudo mundo se encontra lá”, disse Eliana Bárbara. Mas a tia da jovem não foi. “O rapaz que ia levar a gente de carro desistiu. Então, elas foram assim mesmo, com o meu consentimento. Nunca imaginamos que algo de errado poderia acontecer, já que ela nunca saía sem dizer para onde iria e nem ligar”, relatou a tia. 

De acordo com ela, pouco depois de chegar em São Tomé de Paripe, a sobrinha mudou de ideia e quis ir para o Réveillon da Virada, na Boca do Rio, porque tinha mais atrações – Ivete Sangalo, Psirico, Alok, Marília Mendonça e outros. “Mas, como a prima e a amiga não quiseram, ela revolveu voltar para casa, em Águas Claras”, contou o tia. 

Como a estudante não havia aparecido, parentes iniciaram uma busca por conta própria em hospitais e postos de saúde. À época foram também ao IMLNR, mas nada de encontrarem a jovem. O desaparecimento foi então comunicado à Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP).  Prima e tia da jovem afirmaram esperar justiça pela morte da adolescente (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Ossada No dia 14 de junho, um vizinho da estudante encontrou a ossada numa vala. Ele procurava madeiras para fazer fogueiras. “Como ele sabia do sumiço dela, chamou a família e aí acionamos a polícia”, contou a tia. Roupas da estudante foram recolhidas do local pela perícia, mas a confirmação de que os ossos eram de Vitória Charleane veio com a análise da arcada dentária, divulgada no dia seguinte.  

“Não entendemos o porquê de tudo isso. Ela era uma menina querida por todos, ninguém tinha nada a dizer contra ela. Ela nunca comentou se estava sendo ameaçada ou se havia brigado com alguém”, declarou a tia da estudante. 

O celular de Charleane está com a polícia. No dia do desaparecimento, ela saiu sem o aparelho, que estava numa assistência para conserto. “O padrasto dela pagou o conserto para que a polícia pudesse analisar as mensagens e fotos do celular para saber se há alguma pista do que aconteceu”, contou a tia.