Outubro Rosa e  o enfrentamento  do espelho

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Publicado em 7 de outubro de 2021 às 05:01

- Atualizado há 10 meses

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O Outubro Rosa aparece como uma forma de alertar as mulheres para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. Importante frisar que tanto a campanha quanto as mulheres ganham voz para, não só o ato de fazer o autoexame e mamografias, como também para falar sobre o que lhe causa diante desse adoecer. Não bastasse o medo da doença em si, da finitude que se apresenta ainda mais próxima, os seus impactos no organismo, um outro fantasma vem à tona: a vergonha.    A quimioterapia, que consiste em uma das formas mais eficazes de tratamento do câncer, também tem efeitos colaterais na autoestima dessas mulheres. A queda do cabelo e a possível perda de uma mama podem também causar dor e isolamento. Afinal, representam mais do que partes do corpo, representam, em parte, a sua feminilidade. A terapia entra nesse contexto como forma de resgate da identidade dessa mulher, lembrando que a busca por equilíbrio psicológico e emocional é de fato imprescindível, pois interfere, inclusive, na adesão ao tratamento.   No século passado, o ícone da Psicanálise, Sigmund Freud, já trabalhava essa questão de o sujeito lidar e se relacionar com o corpo de forma individual. Podemos entender que cada um vai sentir e agir de acordo com as suas histórias, vivências e com a marca que cada fato lhe causa. Nesse momento, é importante refletir sobre o que é, essencialmente, ser mulher, qual o seu papel. A vaidade, os preconceitos e todas as demais barreiras que circundam o universo feminino devem ser transponíveis.   Cabe a cada mulher encontrar a sua própria resposta e descobrir meios de recuperar a autoestima, se olhar além, se enxergando como ser humano, com vulnerabilidades e anseios. Se reconhecer como sujeito que enfrenta dores, expressa sentimentos e, se possível, contar com uma importante rede de apoio, os amigos e familiares. Eles precisam estar cientes de que a angústia não vai passar de um dia para o outro e de que é preciso validar cada sensação e sentimento, tanto de tristeza, revolta, negação, como também de estratégias de ressignificação, auxiliando em diversas formas de uma melhor adaptação.    Em outubro, muitas campanhas mostram a história de superação de mulheres que enfrentaram o câncer de mama como exemplos de que a vitória é possível. Essa referência é um amparo para quem enfrenta a doença. Informação pode não só salvar como transformar vidas! E a campanha Outubro Rosa vem com esse intuito. Segundo dados da Fiocruz, quando descoberto no início, o câncer de mama tem 95% de chances de cura. O que acontece, em muitos casos, por medo ou até falta de informação, é que muitas mulheres acabam não fazendo os exames em tempo hábil. Vamos desmistificar a ideia de que o câncer representa uma sentença de morte?

Niliane Brito é psicóloga e psicanalista.