Pabllo Vittar puxa trio no último dia da folia e pipoca impressiona

Cantora é a primeira drag queen a comandar um trio na capital da folia

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  • Nilson Marinho

Publicado em 13 de fevereiro de 2018 às 23:07

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Joilson César/Ag Haack

Por mim, por ela, por tod@s nós. Por aquele senhor que, ao ver o trio parado na avenida disse, em alto e bom som: “É o trio daquela bicha lá? Sei não, viu?”. Só a drag queen Pabllo Vittar pode dar a melhor resposta para o preconceito que, paradoxalmente, ainda lateja na festa onde, acredita -se, todo mundo pode ser o que quiser.

Um ano depois de ser convidada a fazer uma participação no trio da Daniela Mercury, a cantora volta a Salvador para puxar sua própria pipoca, sendo a primeira drag queen a comandar um trio na capital da folia - e sem cordas, é preciso ressaltar.

Antes da chegada da cantora, os fãs se aglomeravam para ganhar um tchauzinho ou  (os mais sortudos) uma selfie. Pabllo chegou pouco antes das 18h, mas o estudante de geografia Lucas Cremoneze, 25, chegou bem mais cedo, às 16h. O que queria, além de um registro da cantora, era ver o preconceito sendo abafado pelos agudos da Pabllo: “Nós vemos muitos gays em blocos de abadás e eles costumavam ouvir muitas coisas. Hoje eu quero que os preconceituosos se calem durante a passagem dela”.

E aconteceu. Durante o percurso no Circuito Dodô, Pabllo Vittar trocou de look duas vezes. Estava acompanhada das também drag queens Aretuza Lovi e Gloria Grovee, além de Mateus Carrilho (Banda Uó) e da banda As Baianas e a Cozinha Mineira.   Em entrevista ao CORREIO, Pabllo não escondeu a felicidade: “Ano passado, eu  pude perceber a energia. Este ano, eu estou puxando o meu trio, com os meus amigos, e é uma sensação muito boa porque é um reconhecimento do meu trabalho e do meu esforço. Estou muito feliz”. Foto: Betto Jr./CORREIO Pabllo puxou uma multidão e embaixo do trio era possível ver a diversidade do seu público. Muitos chegaram ao circuito fantasiados. Outros seguiam com cartazes declarando amor à artista e outros impunhavam a bandeira da diversidade.  “Esse é o bloco da paz, do respeito da diversidade”, disse Pabllo, antes de seguir com trio.  

Era a primeira vez de Denilson dos Santos, 24, em Salvador. Ontem, só a pipoca da drag lhe interessava: “É com lágrimas que vou vê-la passar. Pabllo representa todos nós. Ela deve mostrar para os que gostam ou não que nós existimos”.

Quatro integrantes do coletivo AfroBafo de Salvador foram convidados a subir ao trio. O produtor cultural Alan Costa, 27, não escondia a ansiedade. “Apesar de ser Carnaval, nos ficamos acuados. Ela veio para falar para que precisamos sair do guetto, que existimos”, disse.