Pandemia Poética leva o slam para a internet

Batalha de poesias entre mulheres e LGBTs acontecerá no Instagram e dará prêmios em dinheiro

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  • Roberto Midlej

Publicado em 16 de junho de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tamires Almeida/divulgação;divulgação

A essência do slam, batalha de poesias nascida em Chicago nos anos 1980, está nas ruas, onde os artistas costumam recitar seus textos. Mas em tempos de covid, as redes sociais se transformam no palco dos slammers. De olho nisso, o Selo Nsabas lançou a Pandemia Poética, um concurso que promoverá, de hoje a domingo, a participação de 12 artistas mulheres ou integrantes da comunidade LGBTQIA+. No final da competição, as três primeiras colocadas levam prêmios de R$ 200, R$ 300 ou R$ 500.

"A poesia é um antídoto para tudo o que acontece neste período de isolamento. As poesias produzidas num ambiente de batalha acabam gerando bem-estar e esperança, além de uma importante reflexão sobre processos históricos de resistência", diz Karen Oliveira, 31, que será a mestre de cerimônia do Pandemia Poética."O slam também promove o fortalecimento das pessoas, especialmente do povo preto, das mulheres e da comunidade LGBTQIA+. Neste momento, o Pandemia Poética vai levar uma boa energia para o ambiente virtual", acrescenta Karen.Hoje, serão apresentadas às 20h, numa live, as doze classificadas para a competição. Todas as transmissões acontecerão no Instagram do Nsabas (@_nsabas). Amanhã, os vídeos da primeira fase estarão disponíveis para que o público possa votar, através de compartilhamentos e de curtidas. Além dos internautas, quatro especialistas vão fazer a avaliação das performances, que são gravadas. No júri, estarão Nega Faya, Ludmila Singa, Briela G e Bixarte. Na sexta, acontece a segunda fase e no domingo, a final. Os vídeos ficam disponíveis durante 24 horas.

Uma das inscritas é Sued Hosaná, 24, que se identifica como travesti e aponta a importância do evento virtual: "A Pandemia Poética é de total importância, principalmente para a comunidada negra e LGBT, pois é um passo para as interações e construções de rede, para um movimento de coletividade e de união. Já fazemos isso na vida real e agora vamos passar isso por digital. Infelizmente, a arte se constrói de maneira muito elitista".

Karen também reforça a importância da batalha no Instagram: "Por muito tempo, a arte produzida pelo público feminino e pela comunidade LGBT foi criminalizada. Tanto que, por muito tempo, mulheres usavam codinomes e assinavam a autoria de suas criações como homens. Então, segmentar o slam para esses públicos é muito importante".

A mestre de cerimônia também ressalta que é importante remunerar os slammers pela sua performance, já que muitos deles têm a atividade como sua profissão. Para viabilizar a premiação, algumas marcas que são simpáticas às causas negras e LGBT acietaram patrocinar o concurso. O público também pode colaborar no "chapéu virtual", no endereço linktr.ee/pandemiapoetica. Contribuições acima de R$ 40 receberão, em troca, um material didático que dá dicas de como captar recursos para projetos pessoais.