Panorama Coisa de Cinema estreia versão pocket com filmes a preços populares

Cinco produções recentes nacionais e oito clássicos franceses estão no 'Pré-Panorama'

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  • Laura Fernades

Publicado em 26 de novembro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Tem gente que tira férias nessa época do ano só para maratonar os filmes do Panorama Coisa de Cinema, festival que chegaria à sua 16ª edição agora em novembro. A pandemia e outras dificuldades burocráticas adiaram o evento já consolidado no calendário baiano, mas os organizadores decidiram não deixar a data passar em branco.    Foi assim que surgiu o Pré-Panorama Coisa de Cinema, que acontece de hoje (26) ao dia 2 de dezembro, no Espaço Itaú Glauber Rocha, no Centro, com a exibição de filmes brasileiros recentes e clássicos franceses. A versão pocket convida o público para a edição que foi transferida para o início de 2021, explica a cineasta Marília Hughes, que coordena o Panorama com o também cineasta Cláudio Marques.    “O Pré-Panorama é um chamado, um convite para o festival que a gente pretende realizar no final de janeiro, em sua plenitude. Provavelmente em versão online ou mista”, conta Marília, 42 anos, sobre o formato que, em sua opinião, veio para ficar. “Mas a gente não abre mão das salas de cinema, somos muito militantes. Muitos cinemas estão sofrendo muito, é preciso estar atento e ter esse carinho”, defende.    Enquanto o evento oficial não chega, o Pré-Panorama dá um pouco de alegria para os cinéfilos, com filmes a preços populares (R$ 12 | R$ 6). Além de uma pequena mostra com os clássicos de Éric Rohmer – cineasta francês que também será tema de bate-papo virtual –, a programação inclui uma seleção de filmes recentes nacionais, que têm passado por vários festivais.

Entre eles, Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria e com Antonio Pitanga no elenco; e as produções baianas Filho de Boi, de Haroldo Borges e Ernesto Molinero, e Até o Fim, nova produção de Ary Rosa e Glenda Nicácio.

Brasis Outro destaque é Sertânia, filme de Geraldo Sarno gravado na Bahia. No longa, o cineasta baiano de 82 anos mostra dois Brasis: o da seca, da carência e da dificuldade econômica do sertão, e o da sociedade mais rica, economicamente privilegiada de São Paulo.    “São duas faces da mesma moeda. O Brasil pode ser visto nessa relação profunda e antiga que o sertão nordestino tem com São Paulo”, explica Sarno, sobre o filme idealizado em 2002. Além da migração, do personagem que sai de Canudos para a capital paulista, outros temas aparecem em Sertânia, como a paternidade e a reflexão sobre o próprio cinema. “Não teria sentido não mostrar na Bahia. Ficamos muito contentes”, comemora.    Assim como em Sertânia, o Pré-Panorama mostra a produção recente de vários Brasis em sua programação, com nomes estreantes e outros experientes. Geraldo Sarno é um dos realizadores mais antigos em atividade e seu filme vai ser exibido pela primeira vez em uma sala de cinema. Os cineastas Haroldo e Ernesto também terão sua primeira exibição na Bahia.   As temáticas também são diversas, mas a negritude aparece forte. O filme de ficção de Glenda e Ary, por exemplo, “traz o cinema negro, um cinema antenado com outros protagonismos”, destaca a coordenadora do Pré-Panorama. No  elenco estão a influencer Tia Má e a atriz Arlete Dias, do Bando de Teatro Olodum.

Outro filme que reflete sobre negritude e o impacto do racismo é Casa de Antiguidade. Protagonizado pelo veterano Antonio Pitanga, o drama traz questões muito atuais, como o racismo estrutural, “engrenhado na sociedade”, alerta Marília. “Acho que esse filme traz esse tema que é tão urgente e que revivemos no dia da Consciência Negra. Por mais que se tente negar o racismo, ele está aí”, critica.    Apesar da crise, a cineasta acredita que vivemos um momento muito especial do cinema brasileiro, de muita potência. “Fazer um festival também é defender nosso cinema, manter esse vigor e não aderir ao apagamento que estamos sendo forçados a viver”. “De alguma maneira, temos que resistir. O que construímos até aqui levou tempo. Para destruir é rápido. Estamos, então, em um movimento de resistência”, conclui.

Serviço O quê: Pré-Panorama Coisa de Cinema Onde: Espaço Itaú Glauber Rocha (Praça Castro Alves) Quando: De quinta-feira (26) a quarta-feira (2/12), a partir das 17h Ingresso: R$ 12 | R$ 6

Programação

Quinta-feira (26)

17h | Conto de Verão (1995), de Éric Rohmer   20h | Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria 

Sexta-feira (27)

17h | A Marquesa de O (1976), de Éric Rohmer   20h | Sertânia, de Geraldo Sarno 

Sábado (28)

17h | Z (1969) , de Constantin Costa-Gavras   20h | Mulher Oceano, de Djin Sganzerla 

Domingo (29)

17h | A Confissão (1971), de Constantin Costa-Gavras 20h | O Dinheiro (1983), de Robert Bresson 

Segunda-feira (30)

17h | Crime no Trem Noturno (1965), de Constantin Costa-Gavras   20h | Filho de Boi, de Haroldo Borges e Ernesto Molinero  

Terça-feira (1º)

17h | Tropa de Choque: Um Homem a Mais (1967), de Constantin Cos ta-Gavras   19h | Palestra: Éric Rohmer, a poética da fidelidade - Com Adolfo Gomes 20h | Filho de Boi, de Haroldo Borges e Ernesto Molinero  

Quarta-feira (2)

17h | Lancelot du Lac (1974), de Robert Bresson   20h | Até o Fim, de Ary Rosa e Glenda Nicácio