Pantanal: Tenório diz que afogaria filho gay e internautas reagem ao gatilho

Ao contrapor a suavidade de Jove com os 'machos' pantaneiros, como Alcides, novela discute masculinidade tóxica e homofobia

Publicado em 19 de abril de 2022 às 15:25

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: divulgação TV Globo

O grileiro Tenório (Murilo Benício) promoveu um show de horrores ao dizer com todas as letras que seria capaz de afogar um filho homossexual no capítulo desta segunda (18) em Pantanal. Sua filha Guta (Julia Dalavia) serviu de contraponto para o fazendeiro, numa uma sequência que chocou o público mesmo o autor Bruno Luperi suavizando a homofobia do texto original do avô, Benedito Ruy Barbosa Na versão de 1990 da novela, houve o uso controverso do termo "sapatona", por exemplo, e muito mais agressividade por parte de Tenório.

Um dos principais desafios de Luperi é atualizar a trama em que a sexualidade de Jove (Jesuíta Barbosa) é questionada pelos peões. Apesar de heterossexual, o rapaz é mal-visto por renegar certos símbolos tradicionais de masculinidade, como o uso de violência física para resolução de conflito. Alcides chama Jove de "flozô" (reprodução) Por isso, Tenório, Alcides e outros peões já começaram a sugerir que o filho de Zé Leôncio fosse gay justamente por não ter partido para cima de Alcides durante uma discussão."Aquele filho lá não é filho, é um castigo. Aquilo ali não passa de um flozô. Aquilo ali de macho não tem nada", disparou o latifundiário.O personagem de Murilo Benício ainda acrescentou que, se fosse de sua família, até afogaria o rapaz, sendo repreendido em seguida por Guta."Não devia existir esse tipo de coisa. Homem tem que ser homem, mulher tem que ser mulher”, completou ele.Ao ouvir isso do pai, Guta partiu para o confronto, questionando o que ele faria se ela fosse lésbica ou, se ele, por acaso, tivesse um filho homossexual."Se Deus me desse esse desgosto, eu ia rezar para o diabo levar", insistiu Tenório.Cena desperta gatilho no público

Luperi optou por dar um texto mais didático para Guta para equilibrar a brutalidade de Tenório. Ela disse à mãe, Maria Bruaca (Izabel Teixeira) ,que a violência se inicia já no discurso e que o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo. 

Nas redes sociais, a novela despertou uma série de sentimentos no público. "Fiquei muito desconfortável assistindo a esse capítulo de Pantanal. Eu sei que a novela fez questão de não ser conivente com a homofobia, mas eu não estava preparado para assistir com os meus pais. Ainda tenho muito gatilho", escreveu um perfil identificado como Jobe no Twitter

"Essa novela é cheia de gatilho, mas já amei a Guta falando LGBTQIA+ para a mãe", continuou Rick B. "Amando a novela, hoje tivemos o Jove jogando na cara que ser educado, frágil e sensível é coisa de homem, sim. Masculinidade tóxica não é ser homem de verdade. E Guta falando da homofobia, como ter filho gay, tocando na ferida da sociedade", arrematou Belinha Marcílio

Veja os comentários dos internautas: